Manhã de 19 de dezembro de 2022. Acordei com o dia já claro. Estava inquieto. Tive um sono agitado, embora não me recordasse de nada que porventura tivesse “sonhado”. Levantei, dirigi-me ao banheiro, fiz minha higiene pessoal, tomei uma parte de meus remédios/suplementos e, sentindo o início do que poderia ser uma dor de cabeça, resolvi tomar um banho.
Ao sair do banheiro, antes de arrumar minha cama, conforme faço sempre, peguei o celular e vi quatro ligações via Whatzapp, perdidas (meu telefone tinha passado a noite no modo silencioso). Três delas era do telefone de um grande amigo (3h13; 3h47 e 5h17), Dr Adams; outra era de um telefone desconhecido (7h32). Ao tentar ligar para o telefone do meu amigo e não ser atendido, liguei para esse último e constatei que era de sua filha, Marilia. Fui notificado do óbito repentino desse grande amigo. O choque foi grande!
Imediatamente, passou pelo meu pensamento um “filme” sobre nossa amizade.
Como tudo começou...
Poucos anos após ter assumido a paróquia de Santo Antônio de Pádua de Major Izidoro, formei um grupo de amigos para praticarmos futsal, esporte que gosto bastante. Dentro desse grupo havia um adolescente, Kauê. Este quando estava na quadra, ao jogarmos um contra o outro, era o meu marcador e eu dele. Recordo-me de uma vez que ele me derrubou e meu joelho esquerdo inchou no exato momento da queda. Ele, com ar de preocupação, pediu-me desculpas. e eu disse a ele que ficasse tranquilo, pois fazia parte do jogo. Até usei um dito popular que diz: “quem está na chuva tem que se molhar”. E tudo acabou em risadas...
No mês de março der 2018, eu participei de um mutirão de confissões na paróquia de Nossa Senhora da Penha de Batalha/AL, retornando já próximo de 2h00. Não sei por que, estava inquieto.
No dia seguinte, visitando uma família amiga, um dos jovens que, Daniel, também jogava futsal comigo, falou-me de um acidente que acontecera na véspera, justamente com esse nosso amigo Kauê. Segundo Daniel, Kauê sofreu ferimentos graves e estava em coma em um hospital da cidade de Arapiraca/AL. Também recebi a informação de o pai do adolescente, Dr Adams, tinha sofrido um pré-infarto ao receber a notícia e que não tinha ainda tido coragem de ir vê-lo no hospital. Quem estava lá com ele era sua mãe, Mônica. Foi exatamente aqui que ouvi pela primeira vez o nome dos pais do Kauê. Até, então, não sabia nada sobre eles. Resolvi que iria fazer uma visita a essa família.
Antes de cumprir com o propósito da visita, dia de Corpus Christi, na procissão com o Santíssimo Sacramento, durante o percurso, percebi uma senhora angustiada, saindo do meio do povo e vindo ao meu encontro. Nunca a tinha visto ates, pelo menos que me lembrasse, ninguém me falou nada, mas, no meu coração, tinha certeza de que era a mãe de Kauê. E era.
Mônica, em lágrimas, falou rapidamente sobre o acontecido e me pediu orações pela recuperação de seu filho e pela família. Prometi que iria orar por todos eles. Aliás, ao passar com a procissão à frente da casa da família, fiz uma parada e pedi que todos rezassem por essa causa.
Algo começou a fustigar meu pensamento no sentido de que eu fosse o mais depressa possível à casa dessa família. No dia seguinte à processão, entre 15h e 16h, dirigi-me a residência dela.
Ao chegar lá, fui recebido pela sua filha Marília e fui encaminhado até o quarto do casal onde estava o Dr Adams. Pronto! Foi a primeira vez que o vi. Agora eu sabia quem era o pai de Kauê. Interessante que parecia que já éramos amigos há muito tempo.
Ele estava em extrema angústia, mas confiante! Disse-me que se tivesse visto seu filho acidentado, talvez não tivesse resistido. Ainda não tinha tido coragem de vê-lo, mas quer certamente iria superar para enfrentar o desafio. Igualmente sua esposa, pediu-me orações. Eu prontamente me coloquei a disposição. Durante nossa conversa, ligaram do hospital dizendo que Kauê tinha dado sinais positivos, ao movimentar uma das mãos.
Conversei mais de uma hora com ele e essa conversa com a notícia de que Kauê de alguma forma estava reagindo, o acalmou mais.
Porém, algo dentro de mim, indicava um desfecho diferente do que a família esperava. Ao mesmo tempo, não podia expressar esse meu pensamento, pelo menos naquele momento. Deus tem seu plano e temo que nos adequar a ele, não ele ao nosso. O que disse a Dr Adams foi que ELE REZASSE MUITO, POIS DALÍ EM DIANTE, TUDO SERIA DIFERENTE. Meses depois, Dr Adms compreendeu o que quis dizer nas entrelinhas das minhas palavras.
Uma amizade que só aumentou.
Desde nosso primeiro encontro, notamos o quanto tínhamos de pontos em comum: querer o bem para os outros, independentemente de quem fosse, prática do amor-caridade, perdoar, respeitar... Além do alto grau dom da paranormalidade. Desde então, minhas visitas à sua família foram frequentes.
No período que Kauê esteve internado, primeiro em Arapiraca, depois em Maceió, num primeiro momento no hospital, depois em uma casa que Dr Adams possuía nessa cidade, onde um quarto foi adaptado para ele, Kauê, tendo em vista evitar alguma infecção hospitalar, já que sua recuperação era demorada eu, nas visitas que fazia à família, procurava trabalhar o psicológico de todos. Dentro de mim, sabia qual seria o desfecho.
Recordo que no mês de agosto desse mesmo ano de 2018, fui à Maceió como o intuito de ver Kauê. Chegando lá, o encontrei dormindo. Estava sendo assistido por uma enfermeira e Dr. Adams, também, estava lá. Meu amigo quis acordá-lo, mas eu disse que o deixasse dormir. Outro dia, quando ele tivesse acordado ele fizesse uma ligação por vídeo que a gente se via. Nesse momento conversamos aproximadamente trinta minutos. Apesar do ambiente de alguém em recuperação de um acidente trágico, senti uma grande paz. Meu amigo também.
Dias depois, Dr. Adams fez a chamada de vídeo que combinamos. Nessa chamada, Kauê não falou nada (não estava em condições), mas acenou com um de suas mãos para mim. Fiquei emocionado com esse gesto de pai e de filho!
Nossos laços de amizade se estreitaram tanto a ponto de que em vários momentos, se ele ou alguém próximo dele (família) sentisse algo ou se eu sentisse algo, um e outro, de alguma forma, acaba sentindo também.
Isso refletiu intensamente, principalmente em algumas experiências paranormais que tivemos. Eis algumas...
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Domingo, 14 de outubro de 2018, um dia corrido, com muitas atividades. Depois de uma manhã intensa, almocei, descansei um pouco e saí para as comunidades. Teria três missas e alguns batizados entre 15h e 18h.
Cheguei à comunidade de Cachoeira do Ipanema, local da primeira celebração, faltando poucos minutos para as 15h. Meu ajudante e eu preparamos tudo e, exatamente as 15h, iniciei a celebração da Santa Missa.
Tudo corria normalmente. Porém, terminado o rito do ofertório, estava para iniciar o prefácio da Oração Eucarística quando observei que, da calçada, alguém me observava. Era uma pessoa com aparente problemas mentais. Seu olhar era como que “robotizado”, quase “surreal”. No seu rosto, no seu olhar, no seu jeito, um misto de saudades, tristeza, despedida; num gesto não de um até nunca mais, mas de um até outra oportunidade, quem sabe!!! Não tinha como não fitar meus olhos nos seus.
Imediatamente me lembrei de um amigo, Kauê. Nisso, seu semblante começou a mesclar entre o dele próprio e o do meu amigo... Eis que esse alguém estendeu seus braços/mãos em minha direção como se estivesse impondo as mãos sobre mim para me abençoar. Silenciosamente, ele entrou pela porta central e veio ao meu encontro. Aproximou-se e parou à minha frente. Agora, apenas o altar da celebração nos separava. Continuou, silenciosamente, com suas mãos impostas sobre mim até o canto do Santo.
Nisso, um dos presentes veio até esse alguém e gentilmente o convidou a acompanhá-lo até uma bancada próxima onde fê-lo sentar. Lá ele permaneceu até o final da celebração. Mas não deixou de me observar. A lembrança de meu amigo permaneceu muito forte durante toda celebração. Nessa Santa Missa ofereci minha comunhão por esse meu amigo.
Terminada a celebração, descobri que essa pessoa com problemas era um jovem da própria comunidade, embora, apesar do fato de que eu estava na paróquia há mais de sete anos, nunca o tinha visto.
Fiquei com uma impressão de que algo teria acontecido com Kauê, inclusive comentei com o meu ajudante.
À noite, ao retornar à casa paroquial, soube que esse meu amigo tinha entrado em óbito vítima de uma parada cardiorrespiratória no hospital onde se encontrava internado. Ele morreu, exatamente no horário que aconteceu esse fato atípico com o doente mental dentro da celebração.
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Essa experiência foi impressionante!
Noite de 24 para 25 de abril de 2019. Passavam das 18h, quando resolvi fazer uma visita a uma família na cidade de Palmeira dos Índios. Fui, fiquei mais ou menos uma hora com ela e retornei a Major Izidoro. No retorno para casa, tive que me “segurar” para não dormir ao volante. Achei estranho sentir isso, já que normalmente só tenho sono após a meia noite com raras exceções.
Em casa, por causa do futebol que ia passar na TV e eu queria assistir, ainda consegui ficar acordado até terminar o primeiro tempo da partida de futebol. Depois, não deu mais; o sono foi maior! Fui ao banheiro e, enquanto estava lá, ouvi leves ruídos, não naturais, no dormitório. Não me importei, pois já estou acostumado. Em seguida, preparei-me para dormir e deitei, adormecendo quase de imediato.
Não me recordo do que sonhei. Acordei, olhei no relógio do meu celular; e o mostrador marcava 3h14. Fiquei acordado até 4h20. Nesse tempo, fui ao banheiro, retornei, peguei o celular e entrei nas redes sociais (por incrível que pareça, isso, à noite, faz-me retornar o sono). Li umas mensagens, respondi a algumas delas... Inclusive, uma das que li, inspirou-me a redigir uma nova postagem no meu Facebook e Instagram...
Exatamente 4h35 (quando desliguei o celular), com exceção do rosto, cobri todo meu corpo com o lençol e fechei os olhos para apressar o sono. Sempre que faço isso (fechar os olhos, nesses momentos), é como se algumas “imagens” de ambientes ou coisas quisessem ganhar forma em minha memória...
Estava totalmente lúcido, ainda, quando, bem próximo a mim, do lado direito da cama, ouvi uma voz de tom, como que “metálico” dizer: “Albert”. Na hora exata que ouvi, fiquei paralisado. Num primeiro momento, nada vi, mas senti uma energia muito forte e incômoda na região pubiana. Não sei por qual motivo comecei a dizer repetidamente, à medida que a voz podia:
- Não é o Albert! Não é o Albert! Não é o Albert!”...
Depois de repetir várias vezes, vi-me sentado na cama e olhando para um adolescente que apareceu à minha frente [...] Tinha a pele escura. Não identifiquei quem poderia ser. Não parecia agressivo.
Nisso, ele sentou aos pés da minha cama, ficamos frente a frente. Notei que uma parte da pele de seu rosto, mais precisamente dos olhos até os cabelos, estava ficando de cor branca. Ele falou algumas coisas de que não me lembro, com exceção de uma frase bem enigmática:
- O colchão (da cama) não é esse...
Repentinamente, abri os olhos, voltando ao meu “normal” e percebi que estava deitado, na mesma posição inicial.
Sem sono, levantei, peguei novamente o celular, voltei a uma das redes sociais e vi que meu amigo Dr Adams estava on-line. Perguntei-lhe:
- O nome “Albert” te lembra algo?
Ele respondeu:
- Lembra sim! Não especificamente “Albert”, mas “Alberto!”
Ele me perguntou se foi um sonho que tive e eu respondi que não. Foi uma experiência paranormal, lúcida. Questionou-me se foi ruim a experiência e eu disse-lhe que começou ruim e terminou suave.
Dr Adams falou que “Alberto” é o nome do amigo de seu filho, Kauê, falecido em outubro de 2018, em consequência do acidente de moto do mesmo ano.
Segundo ele, Alberto era quem guiava a moto na qual seu filho estava na garupa. Ele, Alberto, machucou-se muito, mas escapou com vida.
Até esse momento, nem sabia da existência de Alberto, inclusive, pensava que Kauê era quem estava guiando a moto. Disse-lhe, então, que conversaria com ele naquele mesmo dia.
Desde o acordar, passei toda a manhã e tarde com os resquícios da experiência que tive, fustigando meu pensamento.
À noite, fui visitar o meu amigo. Logicamente que o assunto principal que dominou essa visita não foi outro, senão essa questão.
Após os cumprimentos formais, a esposa de meu amigo, como faz costumeiramente, foi preparar um cafezinho para mim. Quanto a nós, iniciamos nossa a conversa tão esperada.
Depois de relatar detalhadamente o que lembrei da experiência que tive na madrugada, meu amigo me revelou alguns pontos importantes.
O Alberto, adolescente que guiava a moto na hora do acidente, havia, já há algum tempo, tornando-se muito amigo da família. Ele, Alberto, ficou com uma sequela no braço direito. Alguns tendões foram rompidos e a sensibilidade do braço foi perdida, sem perspectiva de retorno.
A comunicação entre Dr. Adams e seus familiares com a família desse amigo foi interrompida desde o acidente. Isso porque, por causa do acontecimento trágico, na família de Dr Adams o sentimento de que o Alberto tivesse alguma culpa.
Ambas as famílias sofriam. De um lado, a do meu amigo, do outro, a do adolescente. Esse começou a carregar também um significativo sentimento de culpa.
Dr. Adams afirmou que entendeu essa minha experiência como se fosse um aviso para ele. Isso porque, na época do acidente ele culpou o Alberto pela tragédia que acontecera. Igualmente fez por ocasião do falecimento de seu filho, meses depois.
Falou-me que depois do que eu havia dito a ele, todo o sentimento negativo que sentia em relação ao Alberto foi dissipado. E que agora tinha certeza de que ele não tinha culpa nenhuma. Pediu que eu contasse tudo à sua esposa e eu assim o fiz na sua presença. Finalizamos nossa conversa com ele dizendo que queria se encontrar com o Alberto para lhe dar um abraço e lhe pedir perdão. Eu pedi que ele aguardasse que, antes, eu iria conversar com o Alberto. Faria essa “ponte” para a reaproximação.
No dia seguinte, uma sexta-feira, amanheci decidido a resolver essa questão. Após o café da manhã, desloquei-me até o bairro que Alberto morava. Ele residia na casa de uma de suas irmãs. Ela e seu esposo eram responsáveis por ele. Sua mãe estava em Salvador/ BA. Havia sido internada em um hospital na capital baiana, por causa de um acidente que sofreu meses antes.
Lá chegando, fui recebido pelo casal que me informou que o Alberto tinha saído. Seu cunhado conseguiu localizá-lo, por telefone, e o chamou para conversarmos.
Foi nessa manhã que conheci, pessoalmente, o Alberto. Adolescente franzino, 17 anos, mas com trejeitos de menino... No início de nossa conversa, pareceu um pouco assustado, mas aos poucos foi ficando mais à vontade. Foi uma conversa aberta na presença dos seus responsáveis.
Ele me falou do acidente, dos seus problemas de saúde consequentes desse, da saudade de seu amigo, do sentimento de culpa que carregava dentro de si, apesar de saber que não pôde fazer nada no momento do acidente e, também, da tristeza de estar distanciado e com medo da família de seu melhor amigo. Isso por ter dado ouvidos a muitas coisas que disseram a ele.
Percebi que muitas das conversas que chegaram até o Alberto e seus familiares foram, maldosamente ou por falta de inteligência, acrescidas de mentiras...
Eu, para ser honesto comigo mesmo, relatei a experiência paranormal que tive. Duas coisas me impressionaram: quando falei que ouvi alguém pronunciar a palavra “Albert”; e quando disse que a única frase inteira que lembrava sobre o que a visão do adolescente, “o colchão (da cama) não é esse...” não fazia sentido para mim.
Foi quando o Alberto me revelou que o amigo dele, o que faleceu, o chamava de “Albert” e que a frase que eu citei, provavelmente significava o fato de que, quando ele ia para a casa da família do amigo e ficava tarde, a mãe deste pedia para ele dormir lá e colocava um colchão ao lado da cama dele. Não tive mais dúvidas de que as coisas estavam andando no caminho certo.
Perguntei se ele gostaria de se encontrar com o pai de seu amigo. Ele disse que sim. Disse-lhe que se ele quisesse eu poderia ir buscá-lo para que eles pudessem se encontrar naquela manhã e naquele local mesmo, na minha presença. Sua irmã, seu cunhado e ele aceitaram.
Pedi licença, saí e fui ao encontro de meu amigo. Ele estava terminando seu expediente na clínica odontológica do posto de saúde do bairro. Falei com ele e, cada um em seu veículo, retornou à casa do Alberto. Ao chegarmos, a família de Alberto o recebeu muito bem. Os dois, meu amigo e Alberto se abraçaram, choraram e pediram perdão um ao outro. Impossível que os presentes não derramassem lágrimas diante de um encontro de tanta emoção, inclusive eu.
Os laços de amizade foram reatados, as dúvidas se dissiparam, tanto porque a vida tinha que continuar... Agora sim. Tudo fez sentido.
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Outra repleta de grandes enigmas...
Aconteceu durante o Retiro do Clero de Palmeira dos Índios no Convento do Carmo em Camocim de São Felix/PE, entre 16 e 18 de julho de 2019, estendendo-se à manhã do dia 19.
Depois de uma madrugada com sonhos confusos, acordei às 6h50 da manhã de terça-feira do dia 16. Quase que imediatamente ao abrir os olhos, peguei meu celular e fui ver se tinha alguma mensagem enviada a mim, através das redes sociais.
Vi que no Whatzapp, havia duas mensagens de áudio enviadas às 4h e 4h01, respectivamente, por Dr. Adams.
A primeira, que tinha 22s, dizia:
- Padre! Está tudo bem com o Senhor? Agora, quando fui fazer minhas orações, veio-me umas sensações desagradáveis, e o senhor no pensamento. Está acontecendo alguma coisa com o Senhor? Tá tudo bem?
A segunda, com 15s era continuação da primeira:
- Tem alguma coisa relacionada com o senhor, a data de 1999? Me responde ai, por favor, Padre!
Era exatamente 6h58 quando respondi:
- 1999 foi o ano da morte de meu pai! Aparentemente estou bem!
Às 7h01 recebi outra mensagem sua:
- Tive um sonho que me levou a essa data. Depois falo para o senhor.
De imediato, não respondi. Continuei deitado, pensando no que ele disse. Passados alguns minutos, mais precisamente às 7h13, recebi outra mensagem:
- O sonho resumido: Eu estava andando em um lugar estranho e sentindo uma energia um pouco negativa. O meu pensamento foi para o senhor. Depois de um certo tempo, encontrei o senhor sentado num chão de areia. Quando o senhor me avistou, disse: ‘- A estrada vicinal é 9’; e, com uma pedrinha, escreveu na areia. Quando eu vi respondi: a rodovia é 199, então se juntarmos, dá 1999. Daí o senhor escreveu, novamente com uma pedrinha, esse número na areia.
Seguiu-se outra mensagem dele (7h14):
- Eu acordei não muito bem...
Limitei-me a dizer que esse “sonho” foi interessante, visto que foi criado um “enigma” que teríamos de tentar achar a solução. Ele concordou.
No início da noite desse mesmo dia, entre 20h e 20h30 voltamos a nos falar apenas para saber se um ou outro tinha chegado a alguma conclusão. Mas apenas atiçamos o mistério.
Ao acordar, no amanhecer do dia 17, eram 5h05, quando abri o meu WhatsApp e notei duas mensagens em áudio que foram enviadas a mim pelo mesmo amigo do dia anterior.
A primeira enviada às 4h59:
- No “sonho” de hoje Padre, era como se eu estivesse fazendo um trabalho final na faculdade. E todos os outros alunos estavam adiantados, na minha frente, e meu trabalho não tinha nada feito, ainda, estava zero. Todos os outros, inclusive, tinha até profissionais daqui de Major, que trabalham aqui. Todos adiantados e o meu nada... Aí, num determinado momento, a coordenadora do curso nos reuniu e nos levou para uma espécie de auditório. Essa coordenadora é até a coordenadora da educação básica daqui de Major. Chegando lá, ela nos avisou que o senhor iria dar uma palavra... uma palestra... Ao chegar, o senhor me viu e deu um sinal com a mão, para mim... Eu estava afastado do senhor, então só fiz cumprimentar, de longe..., mas, logo, em seguida, fui até o senhor, apertei a sua mão e voltei para o meu lugar...Nisso, um dos alunos se dirigiu ao senhor. Aí, o senhor, imediatamente, se levantou e disse ‘- Ôxe! Comigo não!’ E saiu... Aí, esse aluno voltou-se para mim. Foi aí que eu percebi que ele estava como que possuído... e fez como se fosse uma espécie de uma mágica para o meu lado... e eu tentando me resguardar... mesmo assim ele conseguiu e colocou não sei o que debaixo de minha axila... Nesse momento eu fiquei paralisado, fui dominado... E o senhor olhava para mim, de longe, e dizia: ‘- Lute, que não é assim... Não deixe... Não, não deixe isso acontecer... Não o deixe entrar nos seus pensamentos...’ Desse mesmo jeito vieram vários alunos... e todos eles me dominavam, como se eu fosse fraco para todos... E eu não conseguia reagir. Aí, eu fui me afobando, me afobando, me afobando... e o senhor tentando me ajudar, de longe... me ajudar... me ajudar e... eu acordei, muito ofegante...”
A segunda mensagem, enviada às 5h13, apenas dizia que meu amigo não conseguia fazer nenhuma correlação com o “sonho” do dia anterior.
Às 5h09, em uma breve mensagem enviada ao meu amigo, de forma bem superficial, disse-lhe que esse segundo “sonho” até poderia ter algo a ver com o curso universitário (Nutrição) que iria iniciar no mês de agosto/2019, mas que não estava conseguindo ver relação com o sonho anterior...
Na noite desse mesmo dia, quando estava me preparando para o banho que costumeiramente tomo antes de me deitar, ao tirar a camisa que tinha passado o dia com ela, notei que estava faltando algo no bolso. Eram três pequeninas pedras: um “quartzo verde” e duas comuns, uma de cor negra e outra cor de terra. Desde pequeno que amo a natureza, particularmente pedras.
Há uns dois anos que sempre as mantenho no bolso da camisa que uso. “Coisa” minha... Como posso ter esquecido? Olhei se estava no bolso da camisa vestida antes da que havia utilizado naquele dia. Nada! Será que tinha deixado no bolso da última camisa que vesti, antes de viajar para o Retiro? Simplesmente não me lembrava.
Deixei para lá, fui tomar meu banho, depois, fiquei ainda um pouco no computador digitando o resumo das palestras do dia, permanecendo até um pouco mais da meia noite. O dia 18 era o último dia do Retiro, então, retornaria à minha paróquia, na cidade de Major Izidoro, em Alagoas.
Na manhã de quinta-feira, depois de me levantar e fazer minha higiene pessoal, ao trocar de roupa, voltei a me lembrar das tais três pedrinhas. Novamente revistei as camisas utilizadas durante o retiro, e nada... perguntei, no pensamento a mim mesmo: “- Onde as coloquei?”
O Retiro foi encerrado com o almoço. Logo após, retornei a Alagoas, no táxi de um amigo que já estava me esperando. Passando por Santana do Ipanema, onde havia deixado a S-10 da Paróquia para reparos de funilaria, esperei-a ser liberada. Só então retornei, sozinho, a Major Izidoro.
Já na casa paroquial, passava das 21h, enquanto desfazia a mala que tinha utilizado na viagem e arrumava as roupas limpas no guarda-roupa e colocava as que necessitavam de lavagem num cabide, voltou à memória as “três pedrinhas”. Pensei: “- Será que as deixei juntas a um punhado de outras que tenho?” Fiz a verificação e, mais uma vez, nada! Nessa noite, diferentemente de outras, fui dormir cedo.
Dormi à noite toda num único sono. Não me recordo de ter sonhado. Acordei exatamente às 6h40 da sexta-feira. Fiquei pensando um pouco e, imagina o que me veio no pensamento! Sim, as tais três pedrinhas. Normalmente, não me conformo quando perco algo, principalmente se o que perdi faz parte de minha rotina.
Foi aí que me veio uma luz! Será que eu não coloquei as três pedrinhas numa pequena bolsa de couro que carrego comigo desde a morte de meu pai? Essa bolsa de couro foi feita artesanalmente por meu pai. Havia dentro dela: 01 minúscula bolsa de pano, de cor vermelha, abrigando uma medalha tendo em um dos lados a estampa de Nossa Senhora Aparecida e do outro uma esfinge de Padre Donizetti Tavares de Lira, essa medalha está “pregada”, com um ponto de linha, à própria bolsinha; 01 medalha de alumínio, de um lado a imagem de São Bento, com os dizeres: “São Bento, rogai por nós!” e do outro uma espécie de “brasão” com algumas siglas (essa segunda medalha estava dentro de um invólucro plástico que se rasgou com o passar do tempo); 01 terço de metal com pedras de vidro (ou material sintético); e, finalmente, uma foto dele embrulhada por um papel com os dizeres, escritos por ele: do lado interno onde estava a foto, o nome “Ana” – uma irmã que reside há muito tempo em Maceió e quem resolvia as coisas relativas a ele – e do outro, “15 de março, lua nova”, “15 de abril, lua nova” – Ele faleceu no dia 15 de abril de 1999.
Isso foi o que constatei quando minha mãe me entregou a bolsa de couro poucos dias após o óbito de meu pai. Segundo minha mãe ele sempre portava essa bolsa de couro para onde quer que fosse. Inclusive, ele estava com ela quando morreu, com o terço na mão, no hospital... Foi quando prometi a minha mãe que eu iria fazer a mesma coisa.
Imediatamente, tomei a calça que usara no dia anterior e peguei no bolso dela a tal bolsa de couro. Retirei tudo de dentro. Foi aí que tive uma surpresa! Entre os objetos que carreguei durante 20 anos, três meses e 4 dias, no bolso de qualquer calça que vestia, estava uma foto minha tirada, na época que fui pároco da paróquia de Nossa Senhora da Penha de Cacimbinhas/Minador do Negrão. Essa foto estava muito danificada devido ao tempo que passei carregando-a no bolso da calça. Como pode eu não ter percebido, desde abril de 1999, essa foto dentro da bolsa? Várias vezes, ao longo da linha do tempo eu a abri. Por que só agora percebi? Se aquele papel que embrulhava a foto de papai – papel esse no qual estava escrito, com a letra dele o nome de minha irmã, Ana, e a data da morte dele – já era um “enigma” que até hoje não decifrei, agora essa foto passou a ser mais um enigma.
Ainda surpreso com o achado da minha foto, quando coloquei a mão no bolso da calça, estavam lá as tais “três pedrinhas” que haviam “sumido”. Também não sei como as coloquei ali, pois sempre as coloco no bolso da camisa. E mais, estive com elas o tempo todo e só agora que me dei conta.
Eram 6h50 quando enviei uma mensagem ao meu amigo:
- Cheguei ontem às 2h30 mais ou menos.
Às 6h59 ele respondeu:
- Espero que o senhor esteja bem, agora. Qualquer coisa é só ligar...
Após resolver algumas questões relativas à paróquia, aproveitei para visitar o meu amigo. Cheguei à casa dele 10h40. Ele ainda não havia retornado do trabalho. Liguei para ele e ele falou que já estava se dirigindo para casa. Aproveitei para ficar conversando com sua mãe e seu sobrinho. Finalmente ele chegou. Logicamente que a nossa principal conversa, nessa manhã, foi sobre os sonhos dele e o meu achado.
Pelo que ele e eu observamos, o sonho de meu amigo revelando a data de 1999 que foi o ano da morte de meu pai, a tal formatura, o esquecimento das três pedrinhas, a ideia de que elas poderiam estar dentro da pequena bolsa de couro que foi de papai e que agora estava comigo, levando-me a abri-la para constatar, e fazendo com que eu achasse uma foto minha, que nunca havia encontrado, mesmo tendo aberto a tal bolsinha várias vezes desde 1999, pareceu bem mais que uma simples coincidência...
O enigma do sonho, se foi para achar a foto, tudo bem. Mas, por quê? Qual a razão de só ter percebido agora, depois de tanto tempo? Qual o significado de tudo isso?
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Desde o início de nossa amizade foram muitas as experiências paranormais, tanto da parte dele quanto também de minha parte. Todas relacionadas a fatos que já aconteceram ou que talvez possa acontecer um dia. São os enigmas da vida!
Faço uma referência agora a terceira experiência paranormal, a que Dr. Adams se viu em uma apresentação de um trabalho de faculdade, onde ele “não tinha feito”; e eu estava presente. Ele queria muito participar da minha formatura. Infelizmente, não estará presencialmente, já que faleceu. Com certeza estará no meu pensamento.
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Dr. Adams esteve presente em momentos importantíssimos de minha vida! Aniversário natalício, de Sacerdócio, de lançamento de livros de minha autoria, almoço e banho de piscina com pessoas amigas em sua residência; deu-me total apoio por ocasião da morte de minha mãe...
Antes de qualquer viagem que fôssemos fazer, pedíamos que um rezasse pelo outro. Todos os seus e os meus projetos eram compartilhados onde nos aconselhávamos antes de executá-los. Tínhamos, ainda, muitos outros projetos para o futuro..., mas, o que é de ser, será!
Jamais vou esquecer as mensagens motivacionais que trocávamos diariamente, acompanhadas de um bom dia e do pedido de uma bênção, da parte dele. Sempre primou pelo correto, pela verdade... Quantas vezes ele me falou: “façamos o certo que não tem como dá errado!”
Foi e continuará sendo um dos maiores amigos der minha vida. Como escrevi em uma de minhas obras sobre outro amigo: UMA AMIZADE QUE SE PROLONGA PARA A ETERNIDADE!
Ficara guardada em minha memória nossa última troca de mensagens nessa vida temporal, na manhã e tarde anterior ao seu óbito:
Ele:
18/12/2022
08h11 – Estou aqui, Padre, no Francês. (acompanhando a penúltima foto envidada à mim).
08h12 – Se Deus quiser, vamos tomar banho e mar.
08h13 – Aqui tudo lembra o Kauê... mas vida que segue!!
Eu:
10h57 - Bom dia...
Faça das lembranças, não algo que machuque, mas uma saudade que tempere a alma...
Deus te abençoe, te ilumine e te guarde hoje e sempre!!!
Ele:
11h05 (em forma de gif) Que assim seja. Amém!
Às 13h08 mandou-me sua última foto, numa piscina e eu às 13h4, com um “emoji” expressei que estava tudo legal.
Obrigado por tudo, Dr Adams... Vá em paz!
Descanso eterno dai-lhe, Senhor... Que a luz perpétua o ilumine!
[Pe. José Neto de França]
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