Andando pelas nossas ruas, nesse período, observamos as belezas do Natal. As luzes nas casas, os símbolos natalinos, como árvores-de-natal, Papai Noel, os presépios de todos os tamanhos indicam a satisfação dos homens para com o próximo. Mensagens através dos diversos meios de comunicação são passadas. Ecoam pelos quatro cantos da terra a palavra PAZ, os corações dos homens se abrem para a LUZ.
Quão bonito são esses dias! Mas amados irmãos! Gostaríamos nesse momento de interferir essa alegria e falar de um Natal diferente, um Natal onde esse brilho ainda não chegou, que às vezes nem a candeia primitiva é acesa, pois, na maioria das vezes, somente a escuridão cerca os participantes.
Esse Natal, meus irmãos, é aquele em que convivemos diariamente, com os menores abandonados nas ruas, nas calçadas envolvidos com drogas à deriva na vida. Natal dos velhinhos, abandonados nos asilos, onde somente os amigos de entidade podem falar até do Natal. Muitas vezes, nem os familiares, por longe que sejam, não os visitam. O Natal dos presidiários, que pagando por seus delitos não podem sequer ver as luzes que citamos no início dessa mensagem.
Não podemos esquecer do Natal dos que estão nos leitos dos hospitais, doentes fisicamente e que, com certeza, estão buscando a figura meiga de nosso senhor Jesus. E quando imaginamos esses natais, uma grande sombra obscurece nossos olhos para ver as LUZES desse Natal. Porém, ao adentrarmos nessa casa, no íntimo do nosso ser, um sentimento nos percorre e como num filme cenas são colocadas em nossa mente para nossa reflexão.
O Natal será muito mais importante se nos apercebermos das injustiças que praticamos, do bem que deixamos de fazer o ano todo e nos lembramos somente nesta época, do pão que deixamos de dividir. No final do ano, às vezes, utilizamos recursos extras para colocarmos as lâmpadas que simbolizam o espírito natalino.
Nessas reflexões começamos a recordar alguns momentos desse tempo diferente: às terças-feiras, nas quais várias crianças juntas saboreiam um alimento (sopa fraterna), que não serve só para a sua sobrevivência física, mas para entrelaçamento espiritual; aos segundos domingos de cada mês, quando um grupo de irmãos bate às portas de ruas de nossa cidade, arrecadando alimento para aqueles que não têm onde buscar.
As reuniões doutrinárias, quando buscamos o alimento espiritual necessário para a nossa evolução e a explicação para resolução dos nossos problemas; ao nosso caramanchão, tratamento amor, visitas fraternas, evangelho no lar.
Em todas essas atividades, encontramos a singular presença do nosso amado Cristo a nos abraçar e dizer: “Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos, que eu vos aliviarei”. Assim amados irmãos, observando por esse prisma, gostaríamos de congratularmos com todos vocês, que direta ou indiretamente estão fazendo hoje um Natal diferente e que, com essa visão, possamos transformar o nosso pensamento sobre esse período, fazendo perdurar durante os 365 dias do ano.
Ao tirarmos nossas lâmpadas físicas de nossas casas que iluminam todo o dezembro e parte de janeiro, possamos acender as lâmpadas do amor para com os nossos semelhantes. Lâmpadas que jamais se apagam se forem acesas no nosso íntimo, reconhecendo o nosso próximo como a nós mesmos, iluminando sua jornada, acolhendo, ajudando, perdoando e sendo perdoado e concluindo assim o pensamento do nosso Mestre maior quando assim Ele afirma: “Amai-vos uns aos outros como EU vos amei”.
Observando dessa forma, esse Natal não será diferente, mas será um Natal de AMOR.
(Mensagem apresentada no Grupo de Fraternidade Espírita André Luiz na noite de Natal de 1998)
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