DIVALDO SURUAGY

Djalma Carvalho

De artigo que li em jornal daqui de Alagoas retirei a seguinte frase de autoria de José Machado Mota Neto, lamentando ele a morte de um amigo: “Tombando sem causa ou com causa conhecida, lá se vão os amigos.”
Faleceu na tarde de ontem, 21 de março, o ex-governador Divaldo Suruagy, aos 78 anos de idade, vítima de insidiosa doença que, traiçoeiramente, nele se instalara fazia algum tempo.
Lamento profundamente o falecimento do bom amigo que se foi. Privei de sua amizade desde o dia em que o conheci. A partir daí, passei a admirá-lo pela sua disponibilidade em servir, pelo seu habitual e gentil tratamento dispensado aos amigos e pelo seu honrado comportamento no exercício de mandato popular.
Homem simples e cortês, sem ter sido herdeiro político de ninguém, Divaldo Suruagy construiu a mais brilhante carreira política da história republicana em Alagoas.
Na prefeitura de Maceió, trabalhou como servente, auxiliar de escritório, chefe de divisão e secretário geral. O governador Luiz Cavalcante nomeou-o secretário da Fazenda, cargo do qual se afastou para candidatar-se prefeito de Maceió, tendo sido eleito em 1965. Em seguida, foi eleito deputado estadual, deputado federal, senador e governador do estado por três mandatos.
Vejamos os períodos dos seus mandatos: prefeito de Maceió (1965-1970,deputado estadual (1971-1975), deputado federal (1979-1983)e (2001-2003, senador (1987-1995), governador (1975-1978), (1983-1986) e (1995-1997).
No último mandato de governador,ao enfrentar uma das piores crises políticas e financeiras da história de Alagoas, foi obrigado a renunciar o cargo de chefe do executivo em 17/07/1997.
Era formado em Economia pela Universidade Federal de Alagoas.
Referindo-se a Divaldo Suruagy, disse, com razão, a jornalista Vera Alves: “Um dos últimos baluartes da política com ética em Alagoas.”
Em janeiro ou fevereiro de 1961, inscrito em concurso do Banco do Brasil, estive em Maceió para comprar apostila com matérias exigidas pelo respectivo edital. A apostila não foi encontrada no comércio. Nessa estada em Maceió, conheci Divaldo Suruagy, muito jovem como eu, coincidentemente também inscrito no mesmo concurso. Emprestou-me, então, a apostila de autoria de Júlio Cunha, dizendo-me: “Leve-a, porque desisti do concurso. Minha carreira será outra.”
Claro que ele se referia à carreira política que o destino lhe reservara.
Meses depois, já no novo emprego, devolvi-lhe a apostila, que muito me servira na aprovação do concurso.
Em 1977, então governador, Divaldo Suruagy deu-me o prazer de prefaciar o meu primeiro livro publicado Festas de Santana e também fazer a apresentação dele em noite festiva e de muito público, em Santana do Ipanema.
Disse Leonardo Boff: “Nascemos do coração das grandes estrelas. Por isso existimos para brilhar. Pois carregamos dentro de nós o brilho originário dessas estrelas.”
Com certeza, Divaldo Suruagy deverá estar, agora, no espaço celestial a brilhar entre essas estrelas.

Maceió, março de 2015.

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