LER É HABILIDADE QUE VAI ALÉM DA COMPREENSÃO

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Desde muito cedo, incuti no coração a certeza de que saber ler, é habilidade que vai além da compreensão, é o poder de ultrapassar páginas e buscar o que cada autor, com palavras e intenções, quis entregar ao mundo.

Trago a certeza de não possuir predileção por tipos de texto a serem lidos, por entender que o essencial não é o gênero, autor ou estilo, mas o ato da leitura, que transcende escolhas e preferências.

Outro dia folheando rapidamente “Coletânea de Provérbios e Pensamentos”, catalogado na biblioteca da Academia Alagoana de Letras, encantei-me com dizeres atribuídos a William Shakespeare, quando ele falou: “sou feliz, por não esperar nada de ninguém”.

Para mim, aquela frase, apontou para sabedoria profunda sobre a independência emocional e a natureza das expectativas, uma vez suas palavras proferidas há décadas sugerem que, ao não depender das ações, validações ou gestos alheios para encontrar felicidade, podemos cultivar um senso de bem-estar mais autêntico e duradouro.


E meditando, mais uma vez, sobre os dizeres do poeta e dramaturgo inglês, entendo ser feliz com as pessoas ao meu redor, por buscar fazer por fazer, sem contar com aplausos, e tal gesto certamente me liberta das expectativas em relação aos outros, levando-me a encontrar fonte interna de paz e contentamento, pois aguardar algo dos semelhantes, pode ser caminho perigoso para a decepção, uma vez sermos todos inevitavelmente falíveis e, por vezes, limitados na nossa capacidade de corresponder aos anseios de alguém.


Longe de possuir o dom de compreender o pensamento alheio, trago a certeza de que à sua época, ao escrever tal entendimento, Shakespeare percebeu que esperar dos outros é como construir em areia movediça, considerando ser a inconstância humana norteada pela imprevisibilidade dos sentimentos, frustrações e desapontamentos.

Sou daqueles que ao abdicar das expectativas, a vida se torna mais leve, permitindo que encontros e relações, sejam apreciados por seu valor genuíno e não aguardando recompensas, muitas vezes em forma de elogios desprovidos de sustentação.

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