ELE CHOROU...

Crônicas

Por Alberto Rostand lanverly

Amigo de Milton Henio Neto de Gouveia

Outro dia ao participar de café da manhã em restaurante da cidade, onde celebrava-se o aniversário de Milton Hênio, amizade que herdei de meus pais e avós, jamais imaginei estaria a vivenciar experiencia reconfortante, durante o evento.

E tudo começou quando em sua fala, o homenageado chorou ao relembrar palavras de um dos seus milhares de pacientes, que lhe contou houvera optado pela graduação em medicina, quando aos cinco anos de idade fora por ele atendido, e desde aquela época, o hoje médico, já trazendo fios prateados na cabeça, nunca esquecendo gestos de seu eterno pediatra, teve a certeza ser o carinho a linguagem universal do coração, capaz de transcender barreiras e conectar almas.

Em momento seguinte, o aniversariante novamente deixou lagrimas escaparem-lhe dos olhos, ao ouvir de outro convidado, que sua bondade explícita, parecia suplantar a própria anatomia, e, portanto, seu corpo não podia ser igual aos demais humanos, formado por inúmeros órgãos vitais, mas sim por um único e generoso coração.

Naquele momento, relembrei que certa vez, aos treze anos de idade, sendo goleiro do time de futebol do colégio onde estudava, falhei feio em duas oportunidades e ciente da minha responsabilidade, chorei publicamente pela primeira vez em minha vida, fato nunca repetido nem mesmo na perda dos meus pais.

Hoje maduro, tendo a família como esteio, entendo que chorar de forma justa é mostrar força e capacidade de enfrentar desafios com resiliência e determinação, um lembrete de que as lágrimas não são apenas sinal de fraqueza, mas também de profunda humanidade e gratidão, pelos momentos preciosos que compartilhamos com tudo o que fazemos, ou aqueles que amamos.

Por essas razões entendi a forte emoção externada por Milton Hênio, como reflexo da alegria do dever cumprido, testemunho poderoso do valor de uma vida bem vivida, e das conexões significativas construídas ao longo do caminho.

Sendo eu, explicitamente avesso a elogios fáceis e desnecessários, vejo o amigo Milton Hênio Neto de Gouveia, ao celebrar seus oitenta e sete anos, como criatura possuidora do dom de irradiar bondade e empatia, que com gestos simples, palavras gentis, sabe conquistar semelhantes, construindo laços duradouros e por tais motivos criando ambiente acolhedor em seu entorno, transformando-se em verdadeiro artesão do afeto.

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