Há transformações em frases usuais no cotidiano escolar que se alteram e
alteram sua sintaxe. E, quando os significados mudam no caso de pandemia, por
exemplo, a escola sofre mudanças semânticas que não se imagina sofrer.
Agora é outra pragmática na escola e esta vai além dos sentidos atribuídos
quer pela sintaxe quer pela semântica. É só observar o léxico mudando na escola;
a variação lexical deixa de ser o que se conhece, vocábulos são outros (palavras
inclusive que não se imagina usá-las são usadas).
Na tessitura da aula, nessa escola referida, figuras usadas pelo professor
na pré-pandemia não são mais as mesmas na pandemia, e se sabe. O professor
busca em sua escrita criativa se readaptar a outra realidade.
Em paráfrase a Pessoa (1888-1935), como se sabe, reconhecer é preciso,
não apenas navegar. Existe, pois, esse arcabouço entre as paredes na escola e o
professor de escrita criativa adapta-se nessa outra função sintática. O paradigma
escolar pré-pandemia não é mais o mesmo, como o vir-a-ser na pós-pandemia
também.
Nessa outra fonologia da escola contemporânea os seus sistemas sonoros
alteram-se. E é alterada a morfologia da escola no estudo da forma das palavras.
Surge webaula; assim, há outra escola diferente da escola que se conhece
e ocupa o lugar outra cultura (neohabitus). Em alusão a Bourdieu (1930-2002),
como essa escola pensa (eidos) agora? E o que essa escola valoriza (ethos)? E o
saber se sabe, como se diz, ao se internalizar o saber (hexis).
Metodologias pedagógicas surgem em aulas 100% remotas, tempo-casa,
tempo-escola. Novo paradigma que contraria a realidade à qual habitualmente se
conhece na escola. O conhecimento das linguagens e o senso estético são dois
componentes importantes na Base Nacional Comum Curricular (2017).
Muda o paradigma na escola, esse modelo desde o século XX, desde outra
época. Uma mudança inevitavelmente abrupta; e, ao mudar de maneira repentina,
eis a perplexidade.
Avaliação escolar legítima, quando global e continuada. Qualquer avaliação
que disfarça o processo avaliativo, ao requentá-lo, deslegitima o ser que aprende
e apresenta barreiras espinhosas a quem se propõe orientar o ensino.
A cultura escolar, com os seus paradigmas tecnicistas, resiste ao dia-a-dia
telemático e nisto encontra-se o paradoxo da contemporaneidade. Resistência
demonstrada, não pelos sujeitos, considerando que recorrem à telemática; talvez,
pela estrutura demonstrada pelas carências de quem não tem acesso à internet.
Debate proposto qualifica a aprendizagem do aluno na educação formal, o
planejamento curricular, didático e a cibercultura. Inevitavelmente, toda História é
mutável feito o rio de Heráclito (c. 470-549 a. C.).
Demonstradas mutáveis as fases na Revolução Industrial que, apesar das
mudanças, muitos lugares se mantêm na pré-Revolução Industrial. Romantismo é
divisor de mundos binários: poesia versando o mundo exterior (pré-romantismo) e
poesia que versa o mundo interior (pós-romantismo); a sociedade rural cedendo à
sociedade industrial.
Viaja nos ensinamentos magnos de Comênio (1592-1670) outra didática à
escola; e, de tempos em tempos, a didática muda os seus cenários. Webaula, na
escola, ei-lo cenário de agora e palco ao professor de escrita criativa.
M. Ricardo-Almeida
Foto: https://blog.estantevirtual.com.br/2018/08/08/vamos-exercitar-a-escrita-criativa/
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