Ainda existe curiosidade no ambiente escolar? Graças à curiosidade surge a lâmpada elétrica, por exemplo, surge o livro. Como imaginar a lâmpada elétrica num período onde mal-e-mal se desconhece o fogo com o atrito das pedras?
Não há de se lamentar que a melhor poesia não volte mais a Santana do Ipanema. A toda hora se forjam poemas horas a fio. A cada década surgem novos poetas.
O aluno em Santana do Ipanema é leitor de textos literários? A epígrafe na cidade, como se sabe, é “Santana do Ipanema: Terra de Escritores” publicada por Maria do Socorro Farias Ricardo (1940) no livro “Diálogos com Santana” (2009). Alunos leem como os textos literários dos escritores santanenses?
Como se sabe, a Educação Básica está regulamentada pela Base Nacional Comum Curricular (2017). Sob a lente da regulamentação, a prática docente em salas de aula é proposta por áreas e componentes curriculares e não mais por matérias ou disciplinas.
Área de linguagem no componente curricular Língua Portuguesa consegue saber se leitura de textos literários é prática de resistência na Educação Básica?
Na abordagem da Teoria Crítica estuda-se a Teoria Desconstrutivista (1980). Nela, a análise do texto lido se faz de acordo com o leque de conhecimento
de quem lê o texto literário
É possível ainda encontrar o aluno paciente para ficar sentado, quieto, e ouvindo História e Geografia, Língua Portuguesa, Arte, Matemática, Ciências Naturais, Ensino Religioso e Educação Física por quatro horas sem o seu controle remoto? Ausência da transdisciplinaridade prejudica o conhecimento, que deve ser sempre plural, porque não se aprende compartimentadamente, os conteúdos não são guardados em gavetas nas quais o aluno busca a sua aprendizagem; ausência de transdisciplinaridade aproxima-se do conceito de violência simbólica que aparece em Bourdieu (1930-2002).
Na abordagem da Teoria Crítica surge a Estética da Recepção permitindo a quem lê o texto literário a soberania na recepção crítica. Para se saber se em salas de aula a leitura de textos literários é prática de resistência na Educação Básica pergunta-se:
a) Quais são as experiências do aluno com a leitura?
b) E qual é a experiência com a leitura de literatura?
Estética da Recepção, que surge na Crítica Literária, não é circunscrita a análise da leitura de texto literário por iniciados. Estética da Recepção permite a quem lê o texto literário a soberania na recepção crítica.
É a ciência sempre bem-vinda. Escola é lugar de ciências; sem ciência não há escola. Como imaginar a existência da lâmpada em ambiente que ignora as ciências?
Diante dos conteúdos e pensando em sua aplicação, o resultado depende das experiências dos alunos com a leitura, o senso crítico ou mesmo com a leitura de literatura. Isto não invalida o ensino e a aprendizagem, caso se faça incursões em Teoria Literária, Historiografia Literária ou mesmo em Crítica Literária.
A moral estoica de Sêneca mostra que a obviedade nem sempre é tão óbvia. Só observar na escola a ausência de fruição quando o assunto da aula é a leitura de literatura.
Como se sabe, afinal, as diretrizes curriculares orientam o que ensinar, para que ensinar, como ensinar e como avaliar o que é ensinado e aprendido. Saber como os alunos santanenses leem os textos literários aviva a epígrafe que reconhece ser Santana do Ipanema terra de escritores de textos literários.
M. Ricardo-Almeida
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