IPANEMA - um rio sagrado

Poemas

Remi Bastos

O IPANEMA SAI DO SILÊNCIO
VENCE A DORMÊNCIA PROFUNDA,
SE ACORDA VIRA VALENTE
CORRE SOLTO NAS VERTENTES
QUE ATÉ CANOA AFUNDA.

O VELHO RIO, HOJE PODADO,
DE SUA BELEZA REPETINA
SAI DO SONO, SE REALIZA,
E PELO SEU LEITO DESLIZA
CONTORNANDO A COLINA.

NA SERRA DE ORORUBÁ
NASCE ESTE RIO MALUCO,
AS SUAS ÁGUAS MATREIRAS
FLUEM DE PESQUEIRA
NO ESTADO DE PERNAMBUCO.

AH! MEU RIO, MEU RECREIO,
DAS MANHÃS DOMINICAIS,
DOS BANHOS E DAS DONZELAS
DAQUELAS PERNAS TÃO BELAS
QUE NÃO ESQUECI JAMAIS.

QUANDO VEJO-TE CALADO
ADORMECIDO EM TEU LEITO,
NUTRINDOUM MAR DE SUJEIRAS
EXALANDO UMA NOJEIRA
SINTO UMA DOR EM MEU PEITO.

MAIS UMA VEZ TU RENASCES
DAS CINZAS QUE TE RESTARAM,
ÉS UM RIO DESATINADO
SENDO MESMO ATÉ AMADO
POR AQUELES QUE TE NEGARAM.

MOSTRA A TUA HEGEMONIA
REPETE OS TEUS BURBURINHOS,
ROMPE MEU RIO A BARRAGEM
REVELA A TUA CORAGEM
NAS CURVAS DO TEU CAMINHO

RIO IPANEMA QUE CANTA
PELA VOZ DAS TUAS ÁGUAS,
TUÉ ES UM RIO SAGRADO
POR TODOS SEMPRE LEMBRADO
COM LÁGRIMAS DE TANTAS MÁGOAS.

Aracaju/SE, 23/12/2013.

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