- O que é isso Doutor? – Sussurrou Edileuza quando Adolfo beijou de leve seus lábios.
Há mais de dois meses ela foi contratada como cozinheira na casa de Dona Virgínia. Desde a hora que a viu, o patrão teve uma compulsão, atração irresistível a seus lábios carnudos, sensuais, angelineanos. Sentiu imensa vontade de beijar a morena de sorriso branco.
Ao se aposentar, Adolfo entregou-se ao lazer, ao ócio, todo dia vai à praia, caminhada matinal é fundamental para saúde, encontra amigos, muita conversa, sempre em dia com as novidades. Durante a tarde assiste um filminho na televisão, entra no face book, gosta de escrever, seus artigos são publicados em blogs. Ler bons livros e assistir cinema faz parte de suas predileções. Pelo menos uma vez por mês cumpre suas obrigações matrimoniais com Dona Virgínia, vida tranqüila, despreocupada, saudável. Ao aparecer a nova empregada deu-lhe uma catarse sensual, sua libido reapareceu em forma mais intensa, espreitando, olhando as pernas, o andar rebolativo, principalmente os lábios da morena.
Certa tarde ele surpreendeu Edileuza colocando em sua bolsa pedaços de carne, frutas e verduras. No momento da saída, Adolfo chamou-a mandou abrir a sacola, provas irrefutáveis, o fruto e as frutas do roubo. Chorando ela pediu por tudo, não dissesse à patroa, era a última vez, devolvia tudo, só tinha aquele emprego para sustentar duas filhas adolescentes, implorava, alisando os braços do patrão. Ele conteve a vontade de abraçá-la, afastou-a, prometeu não contar com a condição de nunca tirar um palito da casa! Ela sorriu, alisou sua mão, olhou nos olhos, prometeu, devo-lhe essa, patrão. Saiu apressada.
Dia seguinte ao encarar Adolfo ele piscou, foi um alívio, ficou-lhe grata, continuou seu trabalho na cozinha, ela havia percebido o olhar pidão de Adolfo desde que chegou, qualquer mulher percebe. Depois do flagrante, quando Dona Virgínia saía Edileuza ficava displicente nos modos de sentar, cruzar pernas, rebolar; ao falar com o patrão olhava-o nos olhos, ele cada dia mais tentado a uma besteira, o Diabo veste saia.
Numa sexta-feira, dia de almoço com as amigas de Dona Virgínia, Adolfo chegou da praia alegre, cantando, com fome de anteontem. Ao servir na mesa a excelente carapeba frita, Edileuza se abaixou mostrando o generoso decote estufado por dois melões morenos, o coroa respirou fundo.
Adolfo foi tomar o cafezinho na cozinha. Edileuza pediu para servir, encheu a xícara, açúcar, entregou olhando nos olhos do patrão, bem perto um do outro. Adolfo não aguentou, deu aquele beijo leve em seus lábios. Ela sussurrou com um sorriso – O que é isso Doutor? – Ele respondeu sangue a ferver, é só um beijo, apenas um beijo, não se importe fica apenas nisso. Edileuza deu uma gargalhada contando como segredo – Minha tia Zefinha costumava dizer, beijou, comeu – dá certo não patrão.
Adolfo deixou a xícara na bancada, abraçou a morena, num ímpeto de jovem abocanhou os lábios mais gostosos, mais sensuais que já havia experimentado em todos os anos de vida. A morena, não se fez de rogada, sabia beijar melhor que qualquer artista de televisão. No chão da cozinha aconteceu a primeira vez. Tia Zefinha tinha razão. Ao terminar, despenteada, sorria, o senhor é louco patrão! Cada qual para seu banheiro. Como se nada tivesse acontecido, Adolfo retornou, ligou a televisão, Edileuza continuou a faxina na cozinha. No momento da saída, ele colocou uma nota de R$ 100,00 na bolsa da morena, para o ônibus.
Adolfo anda feliz, remoçou, vive de bem com a vida, teve um “upgrade” como dizem as propagandas na televisão. Dona Virgínia pegou por osmose o bom humor do marido, anda sorrindo como nunca. E Edileuza continua excelente cozinheira, maior respeito ao patrão, exceto nos momentos da tentação. Satisfeita, aumentou seu salário em quase 80%.
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