Velha Usina de Descaroçamento de Algodão.

Quem da minha geração não conheceu ou lembra-se da Usina de Beneficiamento de Algodão de Seu Domício Silva situada à Rua Ministro José Américo, ali nas proximidades do "Talho de Carne"? Quantas vezes se viam caminhões carregados de sacos de algodão em capulho despejando o produto nas dependências da usina para serem submetidos aos processos de descaroçamento e beneficiamento? Quem passava ao lado da usina podia ouvir o barulho das máquinas transformando o algodão bruto em fardos de ramas, posteriormente acumulados nos salões espaçosos da velha fábrica, aguardando o momento para serem transportados para alguns centros comerciais mais avançados, onde mais tarde seriam processados e transformados em tecidos com a marca "tecido de algodão". Velha usina de beneficiamento de algodão, quantas histórias você poderia nos contar? Das vendedoras de cocadas de coco aos seus operários durante a fase de preparo dos fardos; das armações que os carregadores faziam em dias de sábado, quando os feirantes procedentes dos povoados e sítios nos arredores de Santana, logo cedo, antes da usina abrir suas portas, faziam paradas nos seus batentes e de repente eram surpreendidos por fortes picadas de agulhas de costurar sacos, nas nádegas, dando aquele pinote de cabrito seguido do "aaaai"; de sua famosa cisterna que acumulava água das chuvas, e que muitas vezes abastecia algumas residências com o precioso líquido transportado em ancoretas no lombo do jumentinho durante as épocas das secas.
Usina e beneficiamento de algodão, usina de Seu Domício Silva, usina que deixou histórias nos anais da história do algodão em nosso município. A você Amigo Floriano Silva, em memória, lhe dedico essa pequena crônica como resposta ao amor que sentia por este empreendimento que cresceu com você , e que mesmo tombado pela mão demolidora dos homens, continuará sendo lembrado por todos aqueles santanenses que ouviram o soar de suas máquinas descaroçando o algodão em rama.

Aracaju, 22/06/2012.