Um sonho antigo do santanense

Crônicas

Lúcia Nobre

Foto Oficial da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes

Santana do Ipanema/AL, de anos passados, já se manifestava de interesse em valorizar aqueles, que, de certo modo, construíam sua cultura. Nascidos em uma cidade pacata do interior de Alagoas, precisamente no Nordeste brasileiro, escritores e intelectuais de Santana cumpriam sua missão. Os conterrâneos sentiam orgulho de compartilhar desses eventos culturais. Em uma cidade longínqua, sem grandes progressos, havia o requinte do gosto pelo estudo, pela leitura e pela escrita. Assim, já incentivavam os que possuíam o gosto pela literatura. Estes conterrâneos citados a seguir deixaram suas marcas registradas:
Oscar Silva [1913]
Floro de Araújo Melo [1914]
Tadeu Rocha [1916-1994]
Agnaldo Nepomuceno Marques [1920]
Breno Accioly [1921-1966], médico de profissão e escritor por vocação.
Fernando Nepomuceno Filho [1927-2004]
Emmanoel Oliveira Cavalcanti [1937]
Ivone Bulhões [1938]
Luitgarde Cavalcanti Barros [1941]
Nireu Oliveira Cavalcanti [1944]
Os mais antigos escritores de Santana mencionados no livro “Sertão Glocal”, EDUFAL, 2010, Organizado por José Marques de Melo e Rossana Gaia. “Sertão Glocal” é um importante livro para o santanense. Nele, conta-se a história de Santana e de seu povo. “Comunidade fincada em pleno sertão alagoano, Santana do Ipanema exibe uma identidade mutante, determinada pela sua condição geopolítica transitiva. Para nós ela transcende as memórias que trazemos em nossas próprias histórias e está além do espaço geográfico” (José Marques de Melo).
Os escritores mais novos são considerados da atualidade. E foram eles que concretizaram o sonho do santanense. A maioria compareceu ao grande evento que o homenageou. “Os escritores Santanenses e a Magia da Poética brasileira”. Foi no dia 29 de maio de 2012, na Câmara Municipal de Vereadores Tácio Chagas a Criação da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes – ASLCA. Data em que aconteceu a Primeira FELISI Feira Literária de Santana do Ipanema - AL.
Digo que um sonho antigo do santanense se realizou, porque, segundo José Marques de Melo, nos anos setenta, cogitou-se um encontro dos intelectuais de Santana que viviam em outras cidades. Não deu certo, assim, como também não foi perpetuada a Academia Interiorana de Letras do estado de Alagoas ACADILEA, fundada em 05 de janeiro de 2001. Academia que teve sua posse no auditório da Prefeitura Municipal de Santana do Ipanema, segundo Maria do Socorro Ricardo, Diálogos com Santana iconográfica de Zabé Brincão aos nossos dias, 2009, p. 85.
Como vimos, não é de agora que o santanense deseja prestigiar o conterrâneo que contribui ou contribuiu com a cultura da cidade. Mais uma vez José Marques de Melo, em Cidadania Glocal, identidade nordestina, Ética da comunicação na era da internet, Latus, Campina Grande, 2011, p. 36, diz que “Santana do Ipanema aproxima-se hoje, no Estado de Alagoas, ao estágio em que vislumbrei Campina Grande na região Nordeste, há meio século atrás”. E completa, “para celebrar o ingresso de minha comunidade na sociedade do conhecimento, etapa vencida em Campina Grande décadas atrás, organizei um livro coletivo, reunindo ensaios produzidos pela nossa diáspora intelectual, sob o título Sertão Glocal, complementando por um subtítulo eivado de significação telúrica – “Um mar de novas ideias brota às margens do Ipanema”. (p. 40).

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