Sentados em frente à praia deserta tarde da noite. De repente, ouviram o balanço de um coqueiro. Assustados, ficaram ali parados sem decidir o que fazer.
- Entramos e fechamos as portas ou colocamos a culpa no vento?
Dava para ver um vulto atrás do coqueiro, enquanto esse se movimentava. Não entraram. Ficaram ali parados sem coragem para fazê-lo.
O medo, ou melhor, o pavor tinha razão de ser, porque os antigos moradores contavam que ali, tarde da noite, viam coisas não explicadas. Eles gostavam de ficar até tarde, não se preocupavam com o que pudesse acontecer, mas, diante daquela situação, o pânico invadia todos os sentidos do casal.
Antes dos coqueiros se manifestarem, o marido falava do seu medo do mar. Tinha pavor de olhar o mar durante a noite. Para ele, poderia sair de lá um grande monstro. Continuaram ali parados e o coqueiro teimava em dançar ao som das ondas do mar. Isso causava ainda mais pânico. Havia outros coqueiros, mas a atenção do casal estava voltada para aquele. Ao tempo em que o marido arriscava sugerir.
- Olhe para os outros coqueiros e veja se eles balançam. Se isso acontecer, poderá ser o vento. A mulher observou os outros coqueiros, estavam calmos, indiferentes ao medo dos dois. De repente, o vulto que os incomoda, desapareceu. Daí a chuva manifestava-se em seus primeiros pingos que seriam prenúncios de uma grande trovoada. Mais calmos pensaram. Na certa o vulto desaparecerá. A chuva continuou e com grande força. Havia um vento forte. De repente, não mais se via vulto algum.
Iam entrar e fechar as portas quando apareceu ali uma pessoa toda molhada. Precisamente um homem. Tentaram manter a calma e perguntaram ao desconhecido o motivo de sua presença. Diz que não é ladrão.
- Estava tentando passar a noite em baixo do coqueiro quando choveu. Não deu para continuar. Quero saber se posso dormir aqui neste alpendre.
Olharam um para o outro e indagaram mentalmente. E agora? A chuva aumentava com fortes trovões e relâmpagos. Acolher o desconhecido? Estavam sozinhos. Lembraram que ali era um ambiente propicio para imaginações, mas aquilo era real. Estava diante do casal aquele homem de idade avançada, quase suplicando para ser acolhido.
O casal não sabia o que fazer. Acreditava ou não no homem. Às vezes, ele parecia ser alguém conhecido ali da região. O que intrigava era a presença daquele homem, àquela hora da noite, em propriedades alheias. De repente, aparecem outros homens armados e com brutalidade coloca o casal em um quarto ao lado da casa. Servia de depósito de material. O dono da casa sempre o utilizava para consertar alguma coisa.
O negócio, agora, pareceu sério. Aquele clima de mistério que pairava no ar desapareceu e eles entenderam que tudo poderia se complicar. Não era mais o medo do desconhecido, do sobrenatural, era uma sensação de perigo mesmo. Estavam os dois ali, presos em sua própria casa. Para surpresa do casal, o marido havia esquecido o celular no ambiente, quando tinha feito lá um trabalho. Pediu ajuda e a quadrilha foi presa. A quadrilha estava praticando desmandos na região, já há algum tempo. O velho, refém na história foi libertado.
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