CONTOS EM VERSOS

Crônicas

José Malta Fontes Neto

Santana do Ipanema é uma terra rica em cultura, especialmente na área literária. É uma pena que a leitura não seja muito incentivada em nossa terra. Não vou relacionar os valores literários para não correr o risco de esquecer nenhum autor, mas quero ressaltar, na condição de intermediário entre os escritores e os leitores, que são muitos os produtos literários dos filhos de Santana do Ipanema.

Recentemente recebi um exemplar de uma obra que a princípio não chamou minha atenção devido ao formato que parecia um fanzini (*). As gravuras da capa é dos amigos Mário André e Naldo e o autor da obra Mário Pacífico.

Guardei o presente e só depois de algum tempo resolvi ler e para minha surpresa me deparei com uma pérola da literatura santanense. A obra foi prefaciada pela irmã do autor e colaboradora do Portal Maltanet, como também escritora de várias obras e Mestra em Literatura Lúcia Nobre. Vejamos o como Lucinha inicia o prefácio. “Segundo o escritor Guimarães Rosa, para ser um bom poeta é preciso provir do sertão. Mário Pacífico não é só um bom poeta, é um poeta nato, porque não vem do sertão, está no sertão, é o próprio sertão.”

E é exatamente o sertão que Mário descreve em versos em sua obra. Ele fala de sua família de forma simples e rica em detalhes. Vejamos os primeiros versos:

Nasceu no 9 de maio no ano de 17
Numa época muito quente
Um menino pacato
Sadio e inteligente

Filho de agricultor
Pessoa muito direita
Acreditava na religião
E não gostava de ceita

Seu pai se chamava Pedro
Sua mãe era Amélia
A quem gostava tanto
Mas do que uma Carmélia...


Seus amigos de farra, carnavais e festas em Santana também não foram esquecidos e a obra relata fatos vividos por Mário que talvez já tenha até sido contados por seus amigos como Sérgio Campos, Everaldo Araújo, Marcelo Fausto e Júnior Nobre que são colaboradores do livro.

Mário lembra de detalhes de sua infância como por exemplo em “LEMBRANÇAS DO CAMPINHO” um poema que ressalta um campinho que existia onde hoje está o abandonado Colégio Alberto Magno.

Existia um local
Que ficava na baixada
Um lugar todo gramado
Onde fazia pelada

Lá se juntava,
Todos os meninos da rua
Para discutir futebol
E falar em mulher nua...


Não sei quantos exemplares foram produzidos desse livro, mas quero aqui parabenizar o nosso amigo Mário Pacífico, que demonstra nessa obra que apesar da cara dura tem sensibilidade quando puxa pela imaginação. Parabéns a Lucinha pelo belíssimo prefácio e obrigado a minha irmã Sueli por me presentear com um livro fino em folhas, mas rico em conteúdo.

E VIVA A LITERATURA SANTANENSE!

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