Decorria o início do ano dois mil. Estávamos, entre outras pessoas, eu, minha esposa Leônia e Sergio (sem acento mesmo) na residência dos pais deste último, entregues à prática do conhecido e apreciado esporte: “Halterocopismo”. Sou mesmo propenso a acreditar ser este o que mais tem adeptos no mundo inteiro, excluído, talvez, o oriente médio.
De repente, não mais que de repente, começou a surgir, de uma residência nas proximidades, densa nuvem de fumaça, bastante escura. Um grito feminino se ouvia, pedindo por socorro. Corremos todos em direção ao local e encontramos a proprietária da casa atarantada, andando de um lado para outro.
Procuramos saber o que estava acontecendo, porém a mesma não tinha condições de prestar nenhuma informação. Não pelo susto da fumaça, mas por que a mesma estava praticando aquele mesmo esporte já citado.
Então, cada um surgiu com uma teoria. Eu, com meus conhecimentos “profundos” de física e ciências ocultas, dei logo a minha opinião: “É combustão espontânea!” E tinha um motivo bem lógico para minha mente um tanto embotada: há alguns anos o Riacho Camoxinga havia alagado mais da metade daquela artéria, inclusive aquele mesmo local, daí possivelmente persistirem resíduos gasosos capazes de dar origem ao fenômeno.
Depois dessa brilhante teoria, o pai de Sergio e o próprio entraram na casa à procura do motivo de tanta fumaça. Demoraram um pouco, quando voltaram informaram que a fumaça saia do banheiro. “Deve ter sido algum incêndio na caixa d’água!”; outra idéia brilhante, não resta a menor dúvida, mas que não convenceu ao grande número de curiosos que interrompiam até o tráfego de veículos. Não tinha outra solução senão chamar o eficiente corpo de bombeiros de nossa cidade.
“Chamem 193!”, alguém sugeriu. Dito e feito! Logo surgiu um celular, que nestas oportunidades é uma excelente arma para solucionar problemas e tirar o corpo fora. Feito o chamado, o pessoal chegou de imediato com sua costumeira pontualidade e atenção. Os bem treinados bombeiros pediram que os curiosos se afastassem do local.
O primeiro passo foi desligar a energia. Entraram e, não demorou muito, um dos membros da corporação apareceu à porta procurando saber quem residia no imóvel, com uma cara de gozação. Percebendo as tolices que fizéramos, chamei minha mulher e fomos saindo de “fininho”, não sem antes ouvir o oficial dizer que incêndio é uma coisa séria e que acionar 193 deve ser feito de uma maneira responsável.
Moral da história: toda esta balbúrdia, acompanhada de teorias fantásticas partidas de mentes etilicamente obumbradas, não passava de uma panela queimando no fogo com uma porção bastante generosa de macaxeiras que, naquela altura, deveriam parecer mais com carvão. Eu já estava longe, mas os outros “gênios” que moravam na mesma rua, além de ficarem bons da ingestão etílica, foram alvos de gozação do restante dos moradores que tinham acorrido movidos por curiosidade ou mesmo solidariedade!...
Passei muitos dias sem freqüentar aquela rua! Calculem chamar 193...
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