Década de 60. Auge da Jovem Guarda.
Com o intuito de entrar para Marinha do Brasil, saímos de Santana para Maceio: Mitinho Bastos, Zé Barbosa(motoqueiro), Zé Vieira, Albino Lima (filho de Seu Ermirio/DNER), Nego Ângelo, eu e mais uns dez.
Viagem longa, acidentada (não tinha asfalto), condução precária.
Chegamos na Capital Alagoana no mês de março/1964. O mais velho deveria ter seus 17 anos.
Por indicação ficamos arranchados no Hotel de Seu Nequinho, centro da cidade, uma vez que já o conheciamos por ter sido proprietário de posto de gasolina em Santana.
Comida boa, quarto excelente arejado, Gerente distinto, uma beleza.
E lá vamos nós candidatos a ingressar na Marinha do Brasil.A Escola de Aprendizes Marinheiro localizava-se onde hoje é a Secretária de Segurança (?), no Pontal da Barra.
Matérias desconhecidas para nós. Exercício físico rigoroso. Nos três meses iniciais só saíamos da Escola aos sabados e domingos, isto, se não tivessemos infrigido em alguma falta disciplinar, que para o Nêgo Ângelo era uma constante.
Nesse meio tempo, nas folgas, procuravamos os "prazeres da vida", isto é, "Jaragua", "Verde (barra-pesada), Boites e tudo o mais que a idade (e a grana-pouca) nos proporcionava. Claro que sempre tinhamos alguns "problemas com a Policia", mas nada que esta não nos levasse, (escoltado), para Marinha (Pontal da Barra).
Três meses depois, aprovados nos exames -- Nêgo Ângelo, Albino Lima e eu -- os demais retornaram a Santana e nós ficamos esperando o engajamento e posterior (dois anos) translado para o Rio de Janeiro e para o mundo, como se dizia.
Tinhamos três problemas a resolver: l) pagar as "meninas" lá do Jaraguá. 2) saldar a conta na Cantina da Marinha; e 3) Pagar a pensão de Seu Nequinho.
Os dois problemas iniciais, com muito custo e conversa conseguimos reverter. O "rolo" foi dialogar com o Gerente de Seu Nequinho (altamente irredutível) para "aliviar" a conta.
Passamos a noite, eu e o Nêgo Ângelo, sentados na cama imaginando uma saída, que não apareceu. Fui dormir de madrugada, preocupado com o dia seguinte. E esse fatídico dia seguinte chegou. Amanheci o dia, olhei prá cama do Nêgo Ângelo, este não estava. Esperei ate meio-dia e nada. Na parte da tarde sentí um cheiro ruim, "aquele". Em cima da cama do Nêgo Ângelo tinha um embrulho de lençol, abrí, e táva lá. O Nêgo, "cagou, mijou, e deu um nó no lençol".
Pensem numa confusão feia: o Gerente (brabo) quase me prende. Escapei por causa de Seu Nequinho.
Meu Amigo Ângelo atualmente mora no Rio de Janeiro, profissional (Topógrafo) de primeira categoria. Excelente marido e pai dedicado. De vez em quando nos juntamos prá bater um violão e falar da nossa Santana dos Meus Amores.
Cabo Frio-RJ , Junho/2006
Comentários