CARTA A MIRIAN

Crônicas

Luiz Antonio de Farias-Capiá

É hora de profunda tristeza. De dor e sofrimento. De perda? Não diria, porque a presença de Mário estará sempre viva nos corações de todos aqueles que o conheceram. Digo, sem medo de errar, que Deus levou para sua glória uma das pessoas mais marcantes que conheci ao longo da minha vida. Essa sua prematura viagem estancou uma amizade cultivada durante quarenta anos. Era um amigo no sentido lato da palavra. Leal e sincero. Valente, quando necessário. Entretanto, parodiando o poeta, tinha "cabeça de homem e coração de menino". Pela sua maneira simples, de um sertanejo autêntico, sempre foi venerado pelos santanenses, das mais diversas classes sociais. Das mais simples às mais potentadas. Também teve, em seu favor, o fato de ter sido um excelente atleta quando defendeu, durante sua permanência em nossa terra, o nosso querido Ipiranga, sempre proporcionando a seus torcedores gols maravilhosos, que encantavam as tardes de domingo. Marcinha, Marinho e Lilá, dos quais tenho pouca aproximação, deverão sentir sempre orgulho da pessoa maravilhosa que representa o Mário.
É uma pena que nossos filhos não tenham crescidos juntos, para que fossem perpetuadas nossas relações de amizade. O destino quiz que seguíssimos caminhos diferentes. Faz parte do ciclo da vida terrena. Resta a todos nós rogar a Deus para nos iluminar e nos dar o sentimento da conformação, de que tanto necessitamos nesse momento de aflição.
Duas lágrimas irrompem do meu coração neste momento: uma de saudade e outra de alegria, por ter privado da amizade desse verdadeiro amigo de fé meu irmão-camarada. Finalizo, citando Cora Coralina: "Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós; mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos os corações das pessoas".


RECIFE-JUNHO/2006

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