Zé Malta foi uma das figuras mais marcantes que conheci. Além de exemplar pai de família, era também um excelente caráter. Bom de copo, bom de briga e um formidável amigo. Já foi cantado em verso e prosa. Apesar da diferença etária, travamos uma grande amizade. Seresteiro autêntico, tinha uma voz maviosa e conhecia uma infindável gama de canções. Tudo isto aliado a uma privilegiada memória, na arte de contar “causos” e declamar poesias. Juntamente com Zé Azevedo, Zé Carvalho, Zé Monteiro, Josa – que também é Zé – entre outros, varávamos noites a dentro jogando buraco, em sua residência, sob o olhar atento de D. Ritinha, sempre solícita, nos brindando com cafezinho e outras iguaria
Quando o Banco do Brasil resolveu terceirizar os serviços de limpeza, nosso focalizado, recém aposentado dos Correios, fundou, em Santana, a primeira firma de terceirização de que tenho conhecimento. Seus primeiros funcionários foram Nidosvaldo, seu mano Aderval e Manezinho.
Na mesma época o bar da AABB estava, literalmente, “entregue às baratas”. A solução encontrada foi convidar Zé Malta para explorar, no bom sentido, o referido estabelecimento. Mais uma vez, demonstrando sua competência, ele levou, a bom termo, a missão confiada. Nós associados passamos a ter um atendimento decente, com bebidas diversificadas, cervejas geladas e uma infinidade de bons tira-gostos, inclusive “sachicha” e “prijuntada”.
Em determinada ocasião o time de futebol de salão de nossa AABB foi convidado para participar de um torneio na cidade de Paulo Afonso. Zé Malta foi chefiando a delegação. Nessa época, visitar aquela cidade era um espetáculo à parte. Tudo era novidade. A hidrelétrica, a cachoeira. Uma cidade diferente. Totalmente planejada e cuidadosamente arborizada. Havia na CHESF, no meu modo de ver, um certo preconceito social, pois existiam dois clubes: o Clube Operário Paulo Afonso-COPA e o CPA, dito clube dos engenheiros. Nossa equipe foi escalada para jogar exatamente no sofisticado CPA. Num dos intervalos de uma partida Zé Malta se dirigiu ao bar do clube para tomar uma coca cola. No ato do pagamento ele perguntou:
- quanto foi aqui?
- Cr$ 1,00 respondeu o balconista.
- Zé Malta retrucou: pois sou dono de bar em Santana e quando vendo um refrigerante desse por Cr$ 0,50 ganho outro. O balconista rebateu:
- pois com esse preço que cobro eu ganho logo dois. Zé Malta que, não esperava uma resposta tão contundente, pagou a conta e saiu resmungando:
- quando esse “fio d’uma égua” for a Santana ele me paga.
Feliz ou infelizmente o bahiano não pagou a visita.
Dezembro/2005
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