A existência humana, por si só, possui uma amplitude de complexidade. Ela jamais pode ser pensada, criticada apenas e tão somente de um ponto de vista. O que pode ser importante, belo, verdadeiro para uns, pode não ser para o outros. Religião, cultura, espaço geográfico, tempo... Tudo vai concorrer para que se faça um juízo sobre alguém ou sobre um acontecimento.
Diante de um problema gerado a partir de uma palavra dada, percebe-se que para que se possa emitir um juízo devem-se levar em conta vários fatores e pontos de vista.
O “x” da questão não está em quem tenha razão, ou não. Tanto porque depende muito do ponto de referência que seja avaliado.
Do ponto de vista de quem tenha falado, ele é livre para expressar suas ideias, como cada pessoa individualmente. Isso ninguém pode contestar. A liberdade é um dom dado por Deus a todo ser humano por igualdade.
Do ponto de vista da pessoa que contestou, ela também é livre e também tem as suas razões para aceitar ou discordar.
Do ponto de vista de um pequeno grupo de amigos, com tendências semelhantes, onde haja um elevado grau de intimidades, dependendo do teor falado, pode ser um excelente momento para descontração.
Do ponto de vista de um ambiente com pessoas de múltiplas tendências, já é um caso para se pensar.
Existe um fator inerente a todo ser pensante que muitas vezes é deixado de lado ou esquecido: seu limite, ou seus limites.
Todo homem tem uma graduação de limite. Esse limite está relacionado ao meio onde ele cresceu e foi formando sua “maneira de ser”. Por isso, o ideal é que, ao tomar suas decisões, leve em consideração os seus e os limites dos outros. Como?
Cada ambiente depende de quem o frequenta. Se alguém está numa “roda de amigos” onde a intimidade o permita, é diferente. Pode ser mais aberto, mais extrovertido. Se estiver num ambiente onde saiba que há pessoas de todas as tendências, já necessita de uma postura que não o faça entrar em conflito consigo e com os outros. Ora, mas isso não seria “podar” a liberdade?
Não! A inteligência que Deus lhe deu é também para ser usada em sua adaptação às diversas circunstâncias em que possa se encontrar no processo evolutivo. Por exemplo: Se alguém chegasse, em pleno carnaval, na “passarela do samba”, no meio de um desfile, pegasse um microfone e mandasse que todos se calassem e começasse a cantar a “Ave Maria”, era capaz de ser linchado. Público, imprensa... Todos iriam crucificar o “inconsequente”.
Assim, é importante que o homem seja mais prudente no que fala. Tudo tem seu tempo, inclusive o tempo de falar.
A fé, não sentimentalista, mas existencial faz aflorar a prudência, e esta faz o homem ajustar seu falar.
Pe. José Neto de França
PASCOM-Palmeira dos Índios
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