“Nós todos somos sozinhos, dentro da nossa pele, dentro da nossa cabeça...” (Paulo Autran)
Essa frase dita por Paulo Autran, um dos maiores dramaturgos brasileiro, em um fragmento de vídeo que assisti a partir do Youtube, me levou a pensar no ser humano enquanto individual e enquanto social.
Humano/existencialmente falando, vivemos constantemente num processo de “estar com...”, “estar mais...” e “estar só!”
1º) ???????????????????? ????????????...
“Estou com...” enquanto vivo acompanhado de semelhantes com características diferenciadas em relação a mim mesmo e me dando conta delas, distingo a maioria percebendo que temos algo em comum.
“Estou com...” quando percebo a dimensão da vida em comunidade, inclusive a partir da comunidade primeira que é a família e acredito ser essa dimensão essencial para meu equilíbrio físico/psicológico/social.
“Estou com...” ao me dar conta da importância do outro, independentemente de quem seja esse outro; de fazer-me um com o outro, vendo nesse um complemento para que ele possa completar em mim aquilo que ele possui e me falta e eu possa complementar nele aquilo que lhe falta e eu tenho.
“Estou com...” quando percebo que não sou o centro da circunstância dos acontecimentos ou do mundo, mas faço parte de um todo; quando aceito o outro a partir de suas qualidades e não dos seus defeitos, pois tenho consciência de que eu também sou falho.
“Estou com...” quando percebo nas entrelinhas do que meus sentidos naturais (audição, visão, tato, paladar e olfato) e o meu sentido sobrenatural (fé) captam do meio em que vivo e minha inteligência processa a importância de que o que pode mais motivar para a vida é o que decido, de forma pessoal a partir da coletividade e não da individualidade...
2º) ???????????????????? ????????????????...
"Estou mais...” quando percebo que apesar de ter uma multidão de pessoas a minha volta, resisto em me fazer um ser social, apesar de, por natureza, sê-lo.
“Estou mais...” quando vejo nos acontecimentos e naqueles que estão envolvidos diretamente ou indiretamente com eles, apenas uma estatística, nada mais que isso.
“Estou mais...” ao rejeitar por medo, covardia ou preconceito a fazer-me um com o outro.
“Estou mais...” quando me coloco diante do outro como se fosse superior a ele, ou como se fosse eu o dono da verdade, me esquecendo, inclusive, que as verdades humanas são relativas.
“Estou mais...” quando não levo em consideração que assim como tenho meus gostos, tendências, conceitos e preconceitos, os outros, igualmente possuem e, tanto eu, quanto esses outros devemos, através de pontos de convergências, chegarmos a pontos comuns.
“Estou mais...” quando rejeito explicitamente os outros, não admitindo o sucesso deles por ciúme, inveja, ideologia... mesmo sabendo que irei me beneficiar dos seus projetos...
3º) ???????????????????? ????ó...
“Estou só" quando me isolo propositadamente, rejeitando o convívio, a presença física/existencial dos outros, ou quando sou rejeitado por eles.
“Estou só” quando faço uma pausa no corre-corre da vida para me reabastecer a partir do silêncio de minha consciência, mesmo estando essa em ebulição.
"Estou só" quando recuso participar coletivamente daquilo que possa trazer benefício aos outros e a mim mesmo...
Enfim, “estou só” quando, apesar de ser compreendido e aceito, tenho consciência de que as decisões naquilo que me diga respeito, mesmo ao ser instigado por outro a uma tomada de posição, somente eu posso fazê-las... tanto porque, como disse Paulo Autran, “Nós todos somos sozinhos, dentro da nossa pele, dentro da nossa cabeça...”
Na verdade, vivemos em um misto de “estar com...”. “estar mais...” e “estar só!” Por mais que queiramos nos desvencilhar de cada um desses “estar”, saímos de um e caímos no outro, para depois retomá-lo e assim seguir na linha do tempo... Interessante que o “estar só” faz-se presente tanto no “estar com...” como no “estar mais...” Isso porque há decisões que somente a pessoa é capaz de tomá-las...
Ideal se faz necessário deixar prevalecer a dimensão social do ser (estar com). Por outro lado, nunca devemos desprezar nossa individualidade. Tanto porque, os outros jamais serão como nós queremos. Senão eles seriam nós e não eles. Também nunca seremos o que os outros querem que nós sejamos. Senão seríamos eles e não nós...
É nesse contexto que a vida segue...
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