ANSIEDADE É PECADO?

Pe. José Neto de França

Certa vez, após uma palestra para jovens alunos em um colégio, uma jovem dirigiu-me a pergunta: “Padre! Ansiedade é pecado?”

De imediato, disse que o pecado não está associado à ansiedade em si, mas as intenções presentes no coração humano. Por exemplo: se estou ansioso para alcançar algo, ou para que aconteça o que quer que seja, se for alguma coisa que não prejudique nem a mim, nem ao outro, independente de quem seja o outro, logicamente que não.

Depois, já em casa, essa questão voltou, inquietando a meu pensar. O problema da ansiedade é bem mais complexo.

Existe a ansiedade comum do dia a dia. Essa até ajuda a pessoa a se motivar no que faz e no que está por vir.

De um modo geral, ela pode ser positiva ou negativa. Positiva quando nos motiva para alguma coisa, negativa quando extrapolamos o sensato e começamos a nos comportar agindo de forma prejudicial a nós ou aos outros. Pior ainda, quando deixamos conscientemente ser conduzidos a um estado patológico.

A própria ansiedade positiva pode em certo momento tornar-se negativa. Por exemplo: o querer fazer, ou ser a qualquer custo pode levar a pessoa a queimar etapas num processo que deveria obedecer, mesmo inconsciente, etapas necessárias para se chegar a algum lugar com mais firmeza.

Mas de onde vem a ansiedade?

As causas são as mais diversas, mas todas relacionadas a personalidade de cada pessoa. Seu histórico de vida pode revelar muita coisa: sua origem, infância, acontecimentos que marcaram, genética...

O risco de se deixar dominar pela ansiedade é o de transformá-la em um transtorno. Quando isso acontece, o indivíduo começa a perder o controle de si mesmo, desinteressar-se por coisas até então consideradas importantes, desconfiar das pessoas com quem convive, criar um mundo paralelo, inexistente, tornar-se agressiva ou mesmo fechar-se em si mesma, desenvolver fobias diversas, perda de sono... Em casos extremos pode levá-la a atentar contra a vida do outro ou mesmo contra a própria vida. Em todos esses casos será necessária a intervenção de um profissional da saúde (médico psiquiatra ou psicólogo). Nenhum remédio deve ser tomado sem acompanhamento de um médico.

Numa família onde o amor e o respeito entre seus membros são vividos com responsabilidade, mais facilmente essa ansiedade pode ser controlada. Tanto porquê, tudo pode ser superado com o amor-caridade.

Pense nisso!

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