Muitos podem considerar injusto o esquecimento temporário das vidas anteriores quando ocorre o processo do renascimento, questionando:
— O que vale reencarnar e esquecer o passado?
No entanto, conforme expliquei na série radiofônica “Ação e Reação”, no início da década de 1990, ao comentar passagens do livro homônimo de André Luiz (Espírito), pela psicografia do médium brasileiro Chico Xavier (1910-2002), a Sabedoria, a Bondade e a Justiça de Deus são realmente infinitas, porquanto o Pai Celestial tudo faz para aplacar o ódio, mesmo com atitudes ou mecanismos ainda incompreendidos por nós. E o esquecimento temporário das dívidas passadas é um deles. Imaginem se regressássemos ao corpo físico sabendo que fulano de tal nos prejudicou em outra existência ou se alguém tem conhecimento de que nós fizemos isso ou aquilo de ruim a ele... Dessa forma, a reconciliação ou o pagamento das dívidas, enfim, a derrota definitiva do mal pelo plantio do Bem demoraria muito mais.
Quando paramos para pensar, deduzimos que a melhor solução é olvidar mesmo os fatos anteriores, procurarmos saldar os débitos do pretérito e seguirmos adiante.
É verdade que alguns têm ciência, por meio das terapias de regressão de vidas passadas, sonhos e premonições, de determinados eventos, mas de certa maneira velada, porque a psicologia humana é bem diferente da do Espaço, isto é, da Psicologia além da psicologia. Um dia, serão semelhantes ou iguais à medida que o mundo evoluir e a União das Duas Humanidades, pregada pelo saudoso Alziro Zarur (1914-1979), for uma realidade para todos. Ou seja, a humanidade de baixo, esta de que fazemos parte, com a do Alto, a dos chamados “mortos”, mas que permanecem tão vivos quanto nós.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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