O CASAMENTO

José de Melo Carvalho

O CASAMENTO

Segundo Luiz Antonio Sacconi, casamento é a união entre homens e mulheres, segundo as leis civis e religiosas. Festas do evento, bodas. É um vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o reconhecimento religioso ou social. Na legislação portuguesa, o casamento é definido como um contrato. Na legislação brasileira, o casamento é, ao mesmo tempo, contrato e instituição social e é regulado pelo Código Civil Brasileiro.
Essa união geralmente acontece por várias razões, mas normalmente fazem-no homens e mulheres para dar visibilidade à sua relação afetiva, para buscar estabilidade econômica e social, para formar família, procriar e educar seus filhos, legitimar o relacionamento sexual ou para obter direitos como nacionalidade.
Um casamento é frequentemente iniciado pela celebração de uma boda, que pode ser oficiada por um ministro religioso (padre, rabino, pastor), por um oficial do registro civil ou por um indivíduo que goza da confiança das duas pessoas que pretendem unir-se.
Em direito, é chamado cônjuge a pessoa que faz parte de um casamento. O termo é neutro e pode se referir a homens e mulheres, sem distinção.
Assim se resume o que é casamento.
Apanhado de surpresa no ano passado, um sobrinho de minha esposa Magna confiou-me a tarefa de celebrar o seu casamento religioso, com festa e tudo. Um cerimonial completo. Churrasco, salgadinhos, conjunto musical, luzes, fogos de artifícios, muitos convidados e muita bebida.
Convite irrecusável. Seria até uma afronta ou um insulto a recusa, pois o noivo é muito querido no seio da nossa família. Aceito o convite, encarei com responsabilidade e apreço o fato de oficializar a união dos jovens pombinhos apaixonados.
O casal tem pouco mais de trinta anos de idade. Vitor, advogado, nasceu no estado do Pará, época em que seu pai trabalhava na construção da Barragem de Tucuruí; ela, arquiteta, é natural do Rio Grande do Sul. Jovens, bonitos, e uma vida promissora a desabrochar ao longo dos anos.
Procurei fazer uma espécie de roteiro, para seguir os passos da cerimônia como um padre da igreja católica sempre faz. A tarefa não foi difícil porque assistimos sempre a esse tipo de acontecimento ano após ano.
Primeiro, as boas-vindas e alguns conselhos, como:
“Um casamento feliz se constrói com muito amor, carinho e compreensão. Que esses sentimentos estejam sempre presentes na vida de vocês!”
“A vida é feita de momentos bons e ruins. Aproveitem intensamente os bons e estejam unidos para superar os ruins. Assim se constrói um casamento duradouro e feliz!”
“A felicidade consiste em partilhar as pequenas e as grandes coisas com as pessoas que amamos. Que este dia de festa seja apenas o início de uma vida cheia de alegrias!”
“Se um dia passarem por momentos difíceis, olhem nos olhos um do outro e resgatem o amor verdadeiro que os uniu. Ele lhes dará forças para tudo superarem e seguirem em frente, vida afora!”
“Que alegria encontrar a pessoa que nos foi destinada por Deus! Que Ele abençoe esta união e esteja sempre presente no novo lar de vocês!”
Em segundo lugar, a troca das alianças que foram bentas em nome de Deus e, finalmente, a declaração que os jovens estavam casados, também em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Que podiam beijar-se. Depois, todos de pé, vieram os aplausos dos familiares e convidados com uma calorosa salva de palmas.
Afinal, deu tudo certo.
O episódio foi realizado numa chácara na cidade de Aracaju. Calculamos que estavam presentes cerca de cem pessoas, entre familiares e amigos. Boa parte eu não conhecia pessoalmente. A família da noiva, que reside no Rio Grande do Sul, também estava presente.
A animada festa rolou em seguida. Um casal de profissionais gaúchos encarregou-se do churrasco, atenciosos garçons serviam bebidas e o uísque começou a rolar solto. Uma dose aqui, outra acolá, e assim as horas foram passando. Notava que algumas pessoas me observavam de longe. Percebi que estavam achando interessante ver-me bebendo. Um convite para uma mesa, para outra, e as doses se repetindo.
À mesa seguinte, alguém me perguntou: “Pastor, o senhor pode beber?” “Posso sim, respondi.” Mais à frente, outra pergunta: “A igreja deixa o senhor beber, pastor”? “Sim”, respondi de novo.
Finalmente, comentários dos que não me conheciam: “Esse pastor toma um pau danado, é pior do que raposa. Nunca vi isso em minha vida.”

Maceió, fevereiro de 2015.

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