Domingo 16/11/2014, dando uma volta por diversas localidades de Santana do Ipanema com nosso amigo José Malta Fontes Neto, Comendador Malta, nos detivemos na ponte da Sementeira, hoje ponte Molhada, para observar mais detalhadamente à vegetação aquática que tomou conta daquele poço que fazia a alegria da meninada da minha época.
Depois de alguns instantes e confabulações, chegamos à conclusão que se trata de uma planta aquática muito conhecida e utilizada na despoluição de curso d água, pela eficiência filtrante do seu sistema radicular que chegar facilmente a 1 m de comprimento.
A planta aquática é a EICHHORNIA CRASSIPES, também conhecida por baronesa, aguapé, jacinto d água ou rainha-dos-lagos e segundo diversos autores é originária da América Central e do Sul.
A baronesa se apresenta suspensa, flutuando, presa em obstáculos do rio e enraizando-se mesmo em locais de águas mais rasas e até em áreas consideradas encharcadas. Sua reprodução ocorre por meio de sementes e por brotações laterais dos seus estolões a partir do rizoma, tipo de reprodução da bananeira.
Vejamos o que diz alguns pesquisadores sobre essa planta aquática;
Os corpos d'água cuja superfície se revestem de aguapé apresentam menores índices de variação térmica, porém, em contrapartida, a perda por evapotranspiração aumenta entre 50 e 300%, quando comparada com corpos d'água livres desta cobertura vegetal, condição que inspira preocupação principalmente nos meses de estiagem e quando se tratam de reservatórios de água para consumo (STRANO, 1987).
A sua abundância no território nacional, aliada às suas características de fácil propagação, capacidade filtrante das raízes, possibilidade de utilização para fabricação de rações, compostos orgânicos e biogás, levou alguns pesquisadores brasileiros a realizar experimentos, objetivando o tratamento do esgoto doméstico pelo aguapé e a exploração de todo o potencial da planta, inclusive na alimentação humana (SILVA et al., 1978; C Uso comercial.
STRANO (1987) refere que a partir do suco extraído da massa seca do aguapé, e posterior eliminação da umidade, é possível obter-se um farelo insípido constituído em cerca de 5% por proteína, com potencial de utilização na alimentação humana ou animal.
Segundo Corrêa (1984), a Eichhornia crassipes é utilizada na engorda de suínos na Birmânia e provoca uma alteração para melhor no sabor da carne.
KWAI et alo (1986) relatam a utilização da Eichhornia crassipes desidratada na alimentação de coelhos de corte, frangos de corte e galinhas poedeiras apontando a planta como fonte segura de xantofilas, o que melhora a coloração da gema dos ovos.
Rebanhos bovinos de criação extensiva na ilha de Marajó e no Mato Grosso do Sul consomem a planta como forrageira, colhendo-a diretamente em áreas alagadas, dentro do perímetro de suas áreas de pastagem (CORRÊA, 1984).
LORENZI (1991) destaca uma produção de 480 toneladas/ha/ano de massa verde. SILVA et ai. (1978) relatam que sua produção é de 212 toneladas de matéria seca por ha/ano quando em águas poluídas, mas ricas em nutrientes. Produção bastante superior à das forrageiras utilizadas na pecuária.
TEJADA e CERVANTES (1974) apud KWAI et alo (1986) analisando 37 amostras de aguapé encontraram valores de proteína bruta variando de 2,3 a 28,4% sobre a matéria seca .PUPO (2000) constatou que os percentuais dos constituintes da planta em análises bromatológicas variavam conforme as características edafodimáticas da região de cultivo, tipo de adubação, idade da planta, época do ano e manejo empregado. PALOMBO et alo (1991) consideram que a composição do aguapé está relacionada principalmente aos teores de matéria orgânica da água em que se desenvolve, temperatura ambiente, idade e época de colheita.
A título de comparação, forrageiras como o capim elefante apresentam 15,9% de proteína bruta e o capim gordura, com 155 dias, 2,4%. Sempre se comparando os valores de proteína bruta com de matéria seca (FREITAS, 1978), enquanto a alfafa, no Brasil, tem sua produção variando de 6 a 20 toneladas/ha/ano de matéria seca (dependendo de cada condição de plantio), com valores médios de 25% de proteína bruta (CAPRIO et al.,1999).
De acordo com o NATIONAL RESEARCH COUNCIL (1989), Quadro 1. Utilização da Eichhornia crassipes na alimentação de bovinos
Utilizar apenas a parte aérea da planta. Desidratar na sombra. Triturar ou não (dependendo do recurso do produtor) Servir no cocho na proporção de 2% do peso vivo de cada animal.
Diante do que foi dito pelos pesquisadores citados acima, cabe a nós encontramos a melhor forma de utilização da baronesa como alimento de animais domésticos, com o cuidado redobrado para que o homem não se contamine na colheita da baronesa e nem agrida ao meio ambiente.
João do Mato, 17 de novembro de 2014
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