ZÉ GRILO VAI A ARAPIRACA

Fábio Campos

José Vieira (nome fictício) é um bem sucedido produtor rural. Mora na Ribeira (idem), zona rural de Senador Rui Palmeira. Possuidor de terras a se perder de vista. Cultivador de feijão em larga escala. Dono de um considerável plantel de gado bovino. Um comércio na cidade. Enfim um homem honesto e trabalhador que, junto com sua família, conseguiu se estabilizar finaceiramente, num sertão sofrido como o nosso.
Zé Grilo é assim, chapéu de palha velho, furado e rasgado na aba. Barba rala num rosto de pele curtida pelo sol. Roupa velha, surrada e remendada. Camisa aberta até o peito por falta de botões. Calça de tecido, com as bocas enroladas até a altura das batatas das pernas.Chinelas de dedo.
As duas descrições a cima, por incrível que possa parecer, referem-se à uma única pessoa. Dois pontos de vista.
E lá estava Zé Grilo numa famosa concessionária de autos e utilitários de Arapiraca. Sozinho, se aproxima de um trator, um embrulho amarrotado de baixo do braço. Analisa atentamente a possante máquina agrícola. O gerente, percebe a presença do intruso, e ordena ao vigilante que se livre daquele elemento estranho e incõmodo para o ambiente e pra imagem da empresa.O guarda em tons pouco amigável pede a Zé Grilo que se retire da loja.
Ele vai até o birô onde está o gerente. Desembrulha o pacote que trazia. Dentro, vários maços de dinheiro, presos com liga.
-Eu vim comprar aquele trator à vista. Mas como vocês não me querem aqui, não tem problema vou pra Maceió comprar. E foi embora.

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