TODO MUNDO VOTA NELE TODO MUNDO VAI VOTAR!

Fábio Campos

“Um caminhão de matuto com os votos tudo vendido
isso é cagado e cuspido paisagem do interior”
Jessier Quirino Pb - 1954

Desde que eu me entendo de gente, era no dia 15 de novembro, dia da proclamação da república, que ocorriam as eleições. Fossem elas, municipais, estaduais ou federais. Só mais recentemente é que mudou-se para o mês de outubro. Ano que vem é ano de eleição. O governo federal tem investido cada vez mais em novas tecnologias e teremos a primeira eleição digital propriamente dita.
Adeildo Nepomuceno Marques foi prefeito de Santana do Ipanema, por três mandatos. Foi intitulado pelo jornalista Tobias Granja, correspondente da revista “O Cruzeiro” como, “O Getúlio do Sertão”. De fato, algumas semelhanças podemos encontrar entre o político santanense e o caudilho gaúcho: Três mandatos, eram baixinhos de estatura e ambos morreram tragicamente.
Na campanha da segunda candidatura de Adeildo, lembro de um comício ocorrido na antiga intendência (era como se denominava o local onde se recolhiam os animais apreendidos, pegos soltos pelas ruas) ficava onde hoje localiza-se o bairro Artur Morais. Ali só existiam algumas casinhas de taipas. É naquele maciço de terra batida, às margens do riacho camoxinga, repleto de coqueirais, o povo do lado de dentro, cercado por arame farpado é onde ocorre o comício. De repente, param de falar os oradores e o locutor oficial, Francisco Soares, anuncia: Uma garota- Reconheço, é uma colega do grupo Escolar Padre Francisco Correia- Vai fazer uma homenagem ao candidato. E ela canta uma música:
“Dia quinze de novembro
Todo mundo vai votar
Em Adeildo Nepomuceno
Para prefeito do lugar
Todo mundo vota nele
Todo mundo vai votar
Em Adeildo Nepomuceno
Todo mundo vai votar
Ô lá lá lá o meu voto é dele
Ô lá lá lá ele vai ganhar
Ô lá lá o meu voto é dele
E a prefeitura ele vai ganhar!"
E foi ele mesmo. Meses depois de empossado prefeito, Adeildo vai entregar a população a telefônica (posto telefônico) da cidade, reformada. E sai uma comitiva da prefeitura, composta de algumas dezenas de pessoas. Presente também, um representante do governador. Adentram ao beco da casa de seu Abdon Marques ao desembocarem na Rua Ministro José Américo, deparam com uma cena no mínimo hilária: um jumento prepara-se pra fazer amor com uma jumentinha, em plena via pública. Os cheleléus de plantão, acondem e impedem a consumação do ato. E por alguns segundos, dois sentimentos muito nítidos invadiram os que participaram da cena: Constrangimento da parte da comitiva e dos curiosos. E frustração dos maloqueiros e do casal de asininos.

Fabio Campos 23/11/2009

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