Uma trinca de décadas de anos, já se passou. Desde quando o senhor José Gomes, o popular Zé Sapo, nos procurou, sabendo das nossas habilidades com desenhos. Queria que fizéssemos, em cartolinas, os sinais de trânsito. Estes, serviriam de suporte pedagógico, das aulas de sua, pioneira e tão precária, auto-escola. Tanto, que ele propôs, e eu aceitei, pagar meus serviços de desenhista, com aulas de direção automobilísticas. E lá estava eu junto, mesmo sem ser um, dos candidatos à habilitação.Assistindo a aula do instrutor Zé Gomes:
“-O teste de legislação é fácil! Basta decorar uns sessenta sinais de trânsito! Sinais que podem ser: de advertência, informativo, de solo, sonoro e por aí vai...”
Reconheço que talvez não seja tão fácil assim. E continua a aula:
“Na parte de mecânica quem entender um pouco de motor se sai...”
Mais dúvidas. Não fiquei convencido de que a ribiboca da parafuseta do pino da grampola me dissesse coisa alguma. E vira-brequim me soou mais como evolução de escola de samba do que alguma coisa pertencente a um carro.
E o arremate final da aula.O instrutor assume um ar solene. Parece ser muito importante o que vai ser dito:
“Prestem atenção! No (teste) psicotécnico, vão mandar vocês fazerem uma árvore. Se lembrem de passar um traço em baixo. Quem aqui já viu uma árvore voando! Ninguém, né?...”
Noutra ocasião eu teria dito: -Eu Já: Pé-de-vento! Mas ninguém disse nada.
E eis que chega o dia do teste de baliza. A Praça da Bandeira virava uma festa. O teste era feito ali, defronte ao prédio do Ginásio Santana. A baliza com todos sabem sempre foi, e sempre será a prova que mexe mais com os nervos do candidato a motorista.
Seu Zeca Ricardo, o pai de Capiá (ex-Banco do Brasil) , era um dos que estavam lá prá fazer. Aluno exemplar de Zé Sapo. Ele entra no fusca e inicia a manobra do carro para enfrentar a fila. Vai seguindo as orientações de seu instrutor:
“-Pronto Seu Zeca! Freie o carro...”
Seu Zeca erra de pedal e aperta o acelerador. Sobe na calçada e por pouco não bate na parede de fachada do Ginásio. O instrutor aconselhou o aluno a deixar o teste pra outro dia.
Pra concluir, faltou-nos dizer, o nome da auto-escola de Zé Sapo: Auto-Escola Reis. E os maloqueiros da praça (sempre eles) criaram uma rima:
“-Auto-Escola Reis! Zé Sapo Cururu Têi,Têi!”
Fabio Campos 25/11/2009
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