MEUS DOCUMENTOS? PERGUNTE O QUE ESSE JEGUE FEZ!

Fábio Campos

Como diria o Padre Vieira o jumento é nosso irmão. Segundo a música de Luiz Gonzaga, traz uma cruz nas costas por conta de um “pipizinho” do menino Jesus! Num trocadilho interessante Sérgio Campos, certa vez disse: Jumento pode ser Jegue mas não é burro! Esclareçamos pois, quem é quem. O asno (Equus asinus) é da família equidae da espécie asininos, também são chamado de jegue, jumento ou burro. É filho do cruzamento de um jegue com uma jumenta. Se ocorrer o cruzamento de um cavalo (Equus cabalus) com uma jumenta - ao invés da égua - aí teremos como resultado um indivíduo híbrido (estéril) no caso uma mula ou mulo (Equus mu) um muar.
Nunca o nome de Santana do Ipanema e dos santanenses tinha almejado ir tão longe. Alcançando fama internacional. Não, até o ex-prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, resolver homenagear o jumento erguendo-lhe estátua em praça pública. Foi um projeto audacioso à época. No ano de 74 acontecia a copa do mundo de futebol.E na Alemanha, também os alemães ficaram sabendo através da imprensa brasileira, dessa manchete: “Governante no sertão brasileiro ergue estátua em honra a um jumento!”
Quando este cronista esteve secretário municipal em Senador Rui Palmeira, ficou responsável por um tempo, pela entrega dos contra-cheques dos flagelados das frentes de emergência da SUDENE, apelidados , por eles próprios, de cassácos da magnú. O sertão naquele ano sofria com a seca. De verde só velame, mandacaru e xique-xique. O governo pagava mensalmente, o equivalente a um terço de um salário mínimo da época. 1998. Pelo trabalho braçal de meio dia de serviço, durante cinco dias por semana, para que abrissem valetas na beira das estradas e limpassem açudes secos a espera de água das chuvas. E lá estava, a extensa fila de bravos sertanejos, homens e mulheres a espera de receber a ordem de pagamento, pra sacar o dinheiro nos Correios.
Cadê os documentos meu senhor?
Seu secretáro se o sinhô tivé paciênça de me ouvir, eu tenho uma história pra contá. E contou. Eu moro nas Quiribas. Daqui lá, dá umas duas horas de a pé. Hoje, mim alevantei-me bem cedinho. O sol num tinha saído ainda. Arriei esse jumento que o senhor mesmo está vendo amarrado aqui na porta. E vim pra cá, pra rua. Chegando na casa de cumpade Ciço, o sol já tava por aqui assim. Arresorvi tomá uma xírca de café, apôis, eu sai de casa sem botá um nada no bucho. Chegando no terrêro da casa de cumpade, amarrarei o animá numa estaca do cercado. E o bisáco de prástico cum meus decumentos que o sinhô mesmo deve se alembrá. Ele era inté verde! Deixei num banquinho no arpende da casa. O troço do jumento conseguiu se desamarrá e tanta era a fome que o bicho tava que comeu o bisáco todinho com meus decumentos! Pensado que era mato! O sinhô pode acreditá! Pu fé em meu padim Ciço! - Essa última frase disse tirando o chapéu da cabeça - E taí o jumento de prova!
A mim, não restou outra alternativa, a não ser considerar o depoimento. Colhemos a “assinatura”, digital de duas testemunhas. E liberamos a ordem de pagamento. Só não foi possível colher, nem a digital do jumento - porque não tem dedos tem cascos - nem sua confirmação de ter comido os documentos do cidadão “pensando” que era mato.

Nota I: Até o início de fevereiro deste ano estaremos colaborando como colunista também nos portais: www.santanaoxente.com.br e www.sertao24horas.com.br

Nota II: Pleiteamos e conseguimos com o proprietário da Rádio Cidade jornalista Fernando Valões, um espaço para realizar um programa aos sábados que deverá comecar após o carnaval cujo título provisório é: A-COR-DA SANTANA!

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