O que é que está acontecendo com a Fauna e Flora do sertão? É extinção e desertificação como causa e efeito, nos fenômenos climáticos, via efeito estufa? Ou trata-se da soma desses fatores mais a inconsequente e devastadora ação humana? Transposição ou revitalização do “Velho Chico”, só é no que se fala agora!
Este ano estaremos concluindo o curso de Biologia pela UNEAL–ESSER–Campus II. Pretendemos fazer nosso TCC (Trabalho de Conclusão de Curso),elaborando uma pesquisa talvez sobre este tema.O que está acontecendo com nossa tão rica fauna e flora da caatinga.
O Escritor e pesquisador Clerisvaldo B Chagas, em uma de suas publicações,A CARTA DE SANTANA, aponta uma saída com relação ao problema trazido à baila. Seria a criação de um santuário ecológico, um parque temático com Fauna e Flora da Caatinga sertaneja, aqui no município de Santana do Ipanema, numa área a ser desapropriada, por iniciativa do poder público. É possível? Basta querer! Recorremos a nossa memória. E, lembramos de diversas espécies, de insetos, aves, répteis e pequenos mamíferos que faziam ou fazem parte de nosso bioma. Alguns conseguiram sobreviver outros simplesmente desapareceram. Ei-las.
Rola-bosta, era um tipo de escaravelho. Limpa-cu, era uma espécie de libélula. Cachorrinho D’água, tinha muito nas areias do rio Ipanema. Assim como o caramujo.E o Chupa-pedra. O Besouro Bufão, na verdade não solta uma bufa, e sim um fluído que é seu fator de proteção, ao sentir-se ameaçado ele libera, assim como o fazem os Cassácos. As Cigarras: Marcavam o início das trovoadas. Que canto inconfundível! Baratão, os meninos botavam pra “brigar” e tinha até apostas, como nas rinhas de galo. Imbuás, perguntava-se a estes aonde era o norte ou o sul, e eles apontavam! Puro folclore, o bicho na verdade estava tentando reconhecer o ambiente! Lacerdinha dava muito nos pés de Ficus da Praça, eram atraídos por roupas de cor clara! Tanajuras apareciam no começo do inverno e os meninos faziam a festa, pegavam pra comer torradas. As Esperanças, sempre bem vindas! O Grilo preto, odiado pelo Cri-Cri insistente, descobrimos, só recentemente, que este som é produzido pela fricção de suas patas.
Cavalo do cão, um besouro voador. Terrível pros motoqueiros, uma pancada desse besouro em alta velocidade, causa uma dor horrível. Imagine se pegar no olho! O Louva-deus, ví-o pela primeira vez numa lição do livro do primário! A Joaninha, a pulga, o percevejo, a pichilinga. O potó que na verdade não urina, libera do próprio corpo, uma substância urticante, assim como a lagarta de fogo. As Lacraias. O piolho. A Lêndia. A Centopéia, mosca varejeira, mosca do olho azul. A mutuca. Aranha doméstica, tarântula, A viúva negra. O mangangá, abelha que solta uma cera e se enrosca no cabelo. A formiguinha do açúcar e o formigão que aparecia nas trovoadas, esse fedia a bosta! A saúva. O cupim, uma praga na cidade! Assim como o Aedes egypti que era silvestre! A Borboleta amarela, assim como a floração da craibeira, tinha a época de aparecer. A Borboleta preta, considerada pelos mais velhos, sinal de mau agouro, caso aparecesse voando na cozinha das casas. Tinha uma Borboleta Cinza, que os meninos da Praça da Bandeira enfiavam um palito de picolé no seu traseiro. E faziam as coitadas voar com o objeto enfiado nas entranhas, Que maldade!
Cadê as andorinhas ou lavadeiras? Há uma superpopulação de pardais nas árvores do comércio de Santana. Como não há mais matas migraram pra cidade! E a Rolinha fogo-Pagô, nambu, codorna. Ânum, Espanta boiada, pintassilgo, Vim-vim, Sabiá, O cabeça vermelha ou galo de campina, papagaio e araras. Juruti. Sariemas. Carcará, Urubu-rei.
A garça, não sei porque, botei na cabeça que essas aves não são desse nosso habitat mas estão aí aos bandos, de onde migraram? Guirrinhos, no Sítio Baixio existia um criadouro natural deles.
Alguns Bichos preguiça, sôim ou sagüi e um Papa-mel. Faziam parte dos animais que ficavam no parque de diversão criado na Praça da Bandeira pelo prefeito Genival Wanderley. A Coruja rasga-mortalha, na torre da Igrejinha de Senhora Assunção abrigavam-se várias dessa espécie e um primo dessa ave, devido aos hábitos noturnos acabou dando apelido a uma escola da cidade: O Bacurau. Tiziu, Caga-Cebo, Bizunga, Colibri quantos nomes pra uma só espécie: O beija-flor. Tem a Lagartixa e a Briba, o nome desta última, com certeza é uma adaptação sertaneja ao nome víbora! Jia de peito, jia de padre, sapo boi. Sapo cururu. Jibóia. Surucucu. Furão. Preá e Mocó. O Teiú ou Tejo. O Tatu. O Calango sardão.
O saudoso, Walter de Marinheiro tinha um hobby interessante, domesticava pequenos animais. E saía pelos bares da cidade com seus bichos de estimação: Pato, piriquito, papagaio, cobra, cachorro, macaco, etc.
Alguém já disse que o prato tradicional da nossa culinária santanense, é composto à base da carne de cágados, ou seja: Uma cagada! É um Prato cuja iguaria está praticamente extinta. Alguém precisa dizer-nos de onde vem essa tradição. Santana do Ipanema por acaso em algum momento de sua história, foi santuário desses pequenos répteis da família dos quelônios?
Imagine a cena: Ao chegar um turista que nunca esteve em nossa cidade. Você ousaria fazer-lhe um convite dessa natureza?:
-Topa ir, a João do Lixo comer uma Cagada?
Convenhamos. São indigestos, e muito pouco sugestivos, o Local e o Prato.
Fabio Campos 27/01/2010
P.S. Não citamos propositadamente nenhuma espécie de vegetação, em extinção, da caatinga. A Flora ficou pra outra crônica.
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