Acho que já disse em algum lugar por aí, fiquei a quaresma e a páscoa sem vontade de escrever (especificamente crônicas para postar neste espaço). Cerca de noventa dias, com fastio de fazer crônicas. No entanto, nem por isso deixei de escrever. Andei escrevendo pra mim mesmo. Falando com meus botões.
Interessante é descobrir que quando se é viciado, não se consegue ficar sem escrever. Nesse período de abstinência, nunca faltou-me um tema, um motivo pra esse dependente químico “literário” escrevinhar. Cada dia, um dia a se superar, sem cair na tentação. E sempre uma frase aqui, uma palavra acolá, furtivamente querendo escapar. Nos becos escuros da mente, onde pensamos que ninguém estava vendo e deleitávamos.
Mas vamos ao que interessa. Em plena Copa do Mundo de Futebol, na Rússia. No Brasil, de modo especial no nordeste, os festejos juninos. Nas redes sociais rimos de nossas mazelas e misérias. E como somos um povo criativo!
Entre uma coisa e outra tenho observado: como (cada vez mais) escrevemos mal as palavras. Refiro-me, de modo particular a escrita das palavras, e não ao uso correto das regras gramaticais, que é outra história. Leigo, porém apaixonado pelo assunto. Estamos como dizem por aí: assassinando a Língua Portuguesa. A cada dez mensagens escritas que se compartilha nas redes sociais, cerca de sete contém pelo menos uma palavra grafada de modo incorreto. Ao compor esta crônica, talvez, estejamos cometendo algum tipo de erro. Não nos isentamos do erro. Aceitamos correções, e críticas construtivas também são bem vindas. Afinal as línguas, os idiomas, são tão versáteis, dinâmicos, camaleônicos.
Nas minhas aulas de Ciências no ensino fundamental, nos trabalhos que os alunos precisam apresentar sobre a célula, com suas estruturas e organelas. Ressalto pra eles a importância da pronúncia correta dos nomes das organelas. Por exemplo, existem as Mitocôndrias e não; Mitocondrias. E ilustro com tal comparação: no quadro escrevo a palavra coco. E pergunto: Que palavra é essa? Respondem corretamente. Acrescento um acento circunflexo no derradeiro “o”. Viram? Por conta de um simples acento o fruto do coqueiro vira fezes. Daí a importância da correta pronúncia do vocábulo.
Voltemos às mensagens das redes sociais. Na hora de escrever alguns verbos no modo presente do indicativo, observo uma tendência, quase generalizada da supressão da letra “r” do final. Por exemplo: “Hora de brinca é hora de brinca, porém hora de trabalha é hora de trabalha.” ( falta “r” no final da palavra “brincar” e “trabalhar”. Isso aguça minha curiosidade de saber que tipos de erro poderia ocorrer em outras línguas, tipo o inglês, na hora de escrever, algumas palavras.
Peguemos, por exemplo, a marca de um uísque: Johnnie Walker. Se fosse possível traduzir seria: “Joãozinho Andarilho”. Agora imagine se um americano “escorregasse” na escrita e suprimisse algumas letras: “John Walk” ficaria: “João Anda”. E como seria João do Mato em inglês? John From The Bush? Já a expressão: “Dar uma de João sem Braço”. Ficaria mais ou menos assim: “To play Dumb.”
A propósito, pesquisei num dos sites do uísque inglês que o maior consumo de Johnnie Walker a nível mundial, é a cidade do Recife-Brasil. A capital pernambucana contribui com 40% do total. Um dicionário de nomes aqui na web diz que nome Johnny é João no diminutivo. Joãozinho (sem qualquer adjetivo); Johnnie se vier adjetivado. O nome João, vem do hebraico, e quer dizer: “Deus é cheio de Graça.” Viva São João Batista!
E pra encerrar:
Foi verdade. Uma moça ao ver aproximar-se a festa do santo mais festejado do mês de junho. Com essa crise, ela sem poder comprar nada, assim se expressou:
-Eu tô nua. E São João em cima.
Ia colocar mais uma do Bode Gaiato, quando uma mensagem de watsap chamou-me atenção: Um pastor de igreja evangélica, dormiu com a esposa de um crente. Segundo ele, o fez, pra seguir o que está escrito na Bíblia, pelo profeta Oséias capitulo 3:”Ama de novo a uma mulher que foi amada de seu amigo, e que foi adúltera.” O repórter da matéria esclareceu: o pastor leu a última palavra como sendo um verbo (adultera) e não adjetivo (adúltera).
Moral da história: um corno a mais no Brasil, por conta de um acento gráfico.
Fabio Campos, 17 de Junho de 2018. VAMOS LÁ BRASIL!
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