Agoniza em leito de morte, na maioria das Câmaras de Vereadores Municipais do país a, também nossa, Língua Portuguesa! A combalida Língua Pátria! A tão vilipendiada Língua dos países lusófonos. Não só nas Câmaras de Vereadores dos municípios, bem como na maioria das tribunas, espalhadas Brasil à fora. As discrepâncias abusivas contra a oratória são como punhais cravado na Língua de Camões. Nas Câmaras Legislativas o delito torna-se ainda mais gritante, devido ao fato de estarem ali os representantes do povo.
Acompanhar os discursos de nossos parlamentares causa-nos certa indignação. Um incômodo generalizado. Pois espera-se dos nossos legisladores, seja Municipais, Estaduais ou Federais, postura onde preconize-se o decoro parlamentar, o que inclui um mínimo de domínio da Retórica, do Discurso, do uso correto dos Pronomes de Tratamento, da correta Entonação da voz, do uso do plural da modéstia, da administração coerente e sensata da fala. E principalmente de respeitar o povo que depositou nos seus representantes legítimos, um voto de confiança. Esperamos de nossos parlamentares que não ridicularizem a verborragia. A ponto de cometerem o descalabro, o desatino, de desferirem golpes homicidas à Língua Portuguesa, idioma oficialmente instituído pela Constituição Federal do Brasil.
A título ilustrativo. Eis algumas pérolas:
-Nóis num vê...
-Últimos gestores anteriores...
-Se todos secretários “vim” aqui...
-A secretária está sucateada...
Além do atentado a linguagem verbal formal, vamos encontrar arremedos de legisladores e gestores, se amparando na premissa de que pelo fato de terem sido eleito pelo povo, possam trucidar também a ética, a moral e os bons costumes e usam as tribunas das “suas Casas” Legislativas como costumam citar a seu bel-prazer. Daí chegam a inventar leis absurdas, e colocam para apreciação em assembléias, leis ridículas como estas:
“Fica proibido a partir de tal data ocorrer inundações no município”;
“Proibido a partir de tal data qualquer indivíduo morrer no município”;
Um vereador que agradeceu num site de relacionamento as “mordomias” com viagens e hospedagens. Na sua cegueira política, via isso como privilégios concedidos por seus eleitores! Teve que se retratar.
Um outro parlamentar emitindo opinião sobre a educação disse achar “desnecessário e inútil a função do professor”.
Depois dessas pérolas só nos resta finalizar com um fragmento de uma citação do ilustre jurista, prestando-lhe singela homenagem póstuma, Rui Barbosa (1849-1923)
“Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.
Rui Barbosa”
Nota: Esta crônica nos foi sugerida e subsidiada pelo internauta e nosso leitor assíduo Edmilson Junior de Areia Branca. O texto completo de Rui Barbosa encontra-se no Wikipédia, o qual sugerimos como proveitosa leitura.
Fabio Campos 23.11.2011 No fabiosoarescampos.blogspot.com o Conto Travessias
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