O MÉDICO, A FARDA, A ESPADA

Djalma Carvalho

Filho feliz – e mais felizes ainda estarão os pais. Esta sempre será a expressão de equilíbrio e de boa formação de uma família saudável, solidamente constituída e fundada sob a égide da boa educação, da decência e do trabalho.
O telefonema recebido do meu irmão Mileno, que reside em Aracaju, veio carregado de emoção e do natural orgulho de um pai feliz. “Veja, via Internet, a foto do tenente-médico Madson”, recomendava-me ele com aquele sentimento de pai coruja que não deixa de exaltar os feitos do filho. E assim o fazia com razões de sobra.
Compenetrado, sério, farda de gala, insígnias douradas e espada desembainhada, estava ali na foto meu sobrinho, respeitosamente, diante do palanque oficial no recente desfile de 7 de setembro, realizado em Aracaju. Desfilara, garbosamente, à frente do pelotão da corporação da Marinha do Brasil.
Os pais se realizam com o sucesso dos filhos. Que o digam tantas lágrimas de alegria derramadas por eles, os pais, numa solenidade de colação de grau ou mesmo com a aprovação do filho em vestibular.
Sentia, pelo embargo da voz, que no outro lado da linha havia o choro prazeroso, silencioso, de um coração em festa. De fato, havia motivo suficiente para ser comemorado, depois daquele especial evento cívico. E, orgulhoso, exclamava meu irmão: “Um Carvalho na Marinha do Brasil!”
“Tornei-me de lágrima fácil”, disse certa feita Gabriel García Marquez.
Também sou aquela manteiga derretida em tais e auspiciosas circunstâncias. O inevitável caminhar da idade vai afrouxando, deliciosamente, as lágrimas da gente diante das emoções da vida.
Perdi a conta dos títulos da moçada graduada e com pós-graduação, entre primos, irmãos, filhos e sobrinhos. Não conhecia nenhum militar profissional na história da família, salvo um tio-avô sargento da Marinha, do lado materno do jovem tenente-médico. Somente conhecidas eram as histórias de caserna contadas pelos tios José Constantino Melo e João Rodrigues Carvalho, que serviram no Exército no período da 2ª Guerra Mundial, embora nenhum deles tenha ido ao campo de batalha, na Itália. Ex-combatentes, porque destacados na então sensível costa brasileira.
Na verdade, toda a história dessas emoções começou com a opção que fizera Madson Bulhões Carvalho, após a conclusão do seu curso de Medicina, de prestar o serviço militar obrigatório na Marinha, como médico. Sobre a solenidade realizada no início deste ano no Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador, que marcou festivamente seu ingresso na Marinha do Brasil, disse-me o mano Mileno: “Nunca tinha visto uma solenidade tão bonita e emocionante como aquela, momento ímpar.”
Transferido para a Capitania dos Portos de Sergipe, onde permanecerá até janeiro de 2010, o jovem oficial continuará prestando serviços médicos à corporação e à comunidade sergipana, até completar seu tempo de serviço militar obrigatório na Marinha, razão de tanto orgulho dos pais Sônia e Mileno.
Daí, afinal, seu destino será o Hospital Oftalmológico de Sorocaba, em São Paulo, onde cumprirá residência de especialização por três anos e onde consolidará conhecimentos de médico oftalmologista, cuja carreira já se prenuncia francamente vitoriosa. Parabéns.
Maceió, setembro de 2009.

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