Informes publicitários indicam a noite dançante das sextas-feiras do Clube dos Previdenciários, de Brasília, como opção de lazer para o visitante que deseja ouvir boa música, tomar drinques e dançar boleros à vontade. Há pouco, lá estive com minha esposa a experimentar a bem tratada pista de dança do simpático clube social.
Desde moço, aprecio a dança de salão como boa forma de lazer, divertimento, não dispensando convites para festas dançantes e bailes formais. Uma vez aposentado, mais intensa e regular tem sido minha freqüência a boates em fins de semana, aproveitando a boa música e as emoções das românticas noites maceioenses.
Ao rodopiar no salão do Clube dos Previdenciários, lembrei-me de um fato que aconteceu na década de oitenta, quando, em Brasília, eu participava de um dos cursos intensivos promovidos pelo Banco do Brasil.
Antes de contar o caso, diria que, por mim escolhida a mesa no salão, ali me encontrei com um casal amigo, também apreciador de dança, residente na capital do país. Ele e ela, alagoanos, aposentados, parte do ano passam em Maceió, e aqui freqüentam, em fim de semana, a boate do panorâmico restaurante da Casa da Indústria. “Sozinho?”, perguntou-me ele, de imediato, com fundada razão. Acalmou-se com a negativa e com a informação de que ali estava eu, sozinho, a aguardar a chegada de minha esposa, filha e genro.
Público animado aquele, com boa parte formada por freqüentadores de academias de dança, a voltear no salão, girando damas e floreando passos. Público de meia-idade, com clara predominância de presença feminina, a desfrutar românticos números musicais executados pelo conjunto musical contratado. Afora a natural expectativa da aventura romântica, percebe-se, no calor das emoções daquele público solteiro, o flagrante desejo de construir novo sonho de vida a dois. Na verdade, para sonho de qualquer dimensão, não há limitação de idade, de tempo, de lugar. É preciso sonhar, sempre sonhar, enquanto houver disposição e saúde para a prática do lazer e para a busca de novas emoções.
Como se vê, o Clube dos Previdenciários, de Brasília, sobreviveu ao formidável vendaval que, a partir da década de oitenta, fechou tradicionais clubes sociais no Brasil.
Os cursos intensivos promovidos pelo Banco do Brasil exigiam tempo integral dos participantes. As aulas tinham a duração de um expediente inteiro. Textos e estudos de casos eram dados como tarefas para solução em aula no dia seguinte. Em virtude do volume de informações passadas, normalmente se fazia banca de estudo à noite. O teste final, com notas que aprovavam ou não o participante, era o bicho-papão do curso.
Numa bela noite, ingenuamente perguntei a Rodésio, colega alagoano também participante do curso, se ele, após o jantar, iria estudar ou repassar alguma matéria recomendada pelos instrutores.
Resposta dele, pausadamente e enchendo a boca de palavras: “Eu, não! Vou encontrar-me, já já, com a gaúcha que conheci no Clube dos Previdenciários!”
Agora, remoendo o passado e pensando na pergunta do amigo de Brasília, chego à conclusão de que tinha toda razão o colega Rodésio ao recusar-se a estudar naquela noite fria do Planalto Central. Não sei se do encontro programado resultou casamento...
Maceió, abril de 2008.
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