Djalma de Melo Carvalho
Membro da Academia Maceioense de Letras
Folheando, aleatoriamente, o opúsculo Coronéis do Sertão e Sertão do São Francisco Alagoano, encontro ali entre páginas o recorte do O Jornal, edição de 11/06/2010, que noticiou o falecimento do Dr. Hélio Rocha Cabral de Vasconcellos, desembargador aposentado e autor da obra literária acima referida.
Como registro histórico, transcrevo, a seguir, o texto da nota do falecimento do ilustre santanense, distribuída à imprensa alagoana pelo Tribunal de Justiça de Alagoas, intitulada Hélio Vasconcellos Falece aos 84 anos de Idade:
“Na madrugada de ontem, faleceu o desembargador aposentado Hélio Rocha Cabral de Vasconcellos, que estava internado na Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Depois das homenagens prestadas no Campo Parque das Flores, seu corpo foi levado a Santana do Ipanema, onde foi velado no fórum do município e, em seguida, sepultado no Cemitério Santa Sofia. A presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento, acompanhou as cerimônias, prestando honras a Hélio Vasconcellos em nome da Corte estadual.
Formado pela Faculdade de Direito de Alagoas, o magistrado exerceu a atividade jurídica como promotor de justiça nas comarcas de Capela, Porto Calvo, Santana do Ipanema, Murici e Penedo, até ser nomeado desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas em 25 de agosto de 1966, na vaga reservada, constitucionalmente, a um representante do Ministério Público. O magistrado presidiu a Corte estadual em 1993 e 1994. Além das atividades no Poder Judiciário, foi prefeito de Santana do Ipanema, exercendo o mandato entre os anos de 1956 a 1960, dentre outras inúmeras atividades.”
Ao comentar o citado opúsculo em crônica publicada em janeiro de 2006, disse que, ainda muito jovem, me encantavam os acalorados embates de oratória que ocorriam no Tribunal do Júri, em Santana do Ipanema, entre Aderval Vanderlei Tenório, advogado recém-formado em Recife, e Hélio Rocha Cabral de Vasconcellos, jovem promotor de justiça. Foram eles os primeiros filhos da cidade a formar-se em Direito, privilégio que a poucos cabia até o início da década de 1950.
O falecido desembargador era neto do coronel Manoel Rodrigues da Rocha (nome de praça na cidade) e de sua mulher Maria Izabel Gonçalves Rocha (Sinhá Rodrigues), nomes sempre lembrados, de forma positiva, por alguém que se debruça em pesquisa sobre a história de Santana do Ipanema. Ele, próspero comerciante e de larga visão administrativa, falecido em 5 de maio de 1920; ela, ilustre dama, deu continuidade aos negócios do marido. Todos os filhos do casal foram educados em conceituados colégios de Aracaju e Maceió.
Como prefeito de sua cidade natal, Hélio Cabral dedicou grande parte do seu mandato à educação e à cultura, promovendo feiras de livros, palestras de intelectuais, congresso estudantil, entre outras atividades culturais. Instalou a Biblioteca Pública Municipal Breno Accioly e fundou o Museu Histórico e de Artes do Município, hoje chamado Museu Histórico Darras Noya.
No governo de Arnon de Mello exerceu a função de Secretário do Interior e Justiça.
Como homem de letras, publicou em jornais e revistas diversos artigos, tratando, sobretudo, de temas econômicos, políticos, jurídicos e históricos. Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
Embora contasse com poucos recursos, uma vez que até então não existia o Fundo de Participação dos Municípios, Hélio Cabral realizou uma boa administração como prefeito, realizando significativas obras.
Uma séria dor de cabeça de sua administração era, sem dúvida, a precária empresa de energia elétrica da cidade, fundada em 1922 e já envelhecida. Vez por outra, uma peça em desgaste deixava a cidade às escuras. Algumas vezes, o prefeito retornava do Recife, aborrecido, por não encontrar, nas casas especializadas, peça como a “reguleta do bico da tubeira”, estrambótico nome inventado por Agenor Nascimento, o encarregado da manutenção dos geradores da empresa.
Afinal, em 1963, chegaria à cidade a energia elétrica gerada em Paulo Afonso, solucionando o cruciante problema.
Maceió, maio de 2015.
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