A Doença que mais afasta as pessoas do trabalho: Um relato de experiência

Diógenes Pereira

Segundo Organização Mundial de Saúde na atualidade, a depressão é a doença mais incapacitante no mundo. Apesar de ser tão danosa ela é invisível e silenciosa, mas causa um grande estrago na vida de uma pessoa.
A seguir vocês terão oportunidade de ler um relato de alguém que está tratamento psicológico, isso servirá para que compreendam como se sente uma pessoa depressiva.
O objetivo do Janeiro Branco é informar a população de modo geral, sobre a importância de conhecer e prevenir a SAÚDE MENTAL, pois a cada ano aumenta o número de pessoas que sofrem alteração psicológica.
O termo saúde mental, ainda é visto com preconceito pela sociedade. A maioria das pessoas por não conhecer, acreditam ser frescura, ou falta de Deus, sofrer transtornos de Ansiedade, Depressão, Síndrome de Burnout, Bipolaridade, Borderline e etc. O indivíduo portador de algumas dessas doenças citadas, quando tratado consegue realizar tranquilamente todas as atividades que fazia antes da doença, (trabalhar, estudar, cuidar, da casa, da família e etc.).
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Caro leitor, sou pedagoga, tenho 30 anos, casada, mãe de um garoto de 2 anos. Eu nunca imaginava que pudesse escrever conteúdos como estes que serão discorridos a segui. O que lhes apresento é algo muito particular, com características e detalhes bem comuns às demandas da sociedade atual.
A saúde mental ainda é pouco valorizada, não reconhecemos a importância dela na nossa vida. É sobre esse contexto de saúde de descrevo minha experiência de vida. Tenho certeza que em muitos outros lares desse planeta, tem alguém vivenciando algo muito semelhante ao que passei.
Hoje conheço de perto o que é, e como se sente uma pessoa que sofre da tão temida DEPRESSÃO. Há algum tempo, passei por um pequeno período de conflitos e cheguei a sentir sintomas depressivos, mas até então era algo leve, mesmo com dificuldade relutei e consegui reverter às crises. Mas como bem sei hoje, quando a causa da doença não é tratada, os sintomas voltam de forma intensa, e foi exatamente isso que aconteceu comigo.
Eis que as consequências da vida me levaram a uma crise de sofrimento emocional, cheguei ao ápice do desespero, desorganizada psicologicamente, esbarrando nas frustrações, muitas cobranças, (que hoje vejo como normais, mas diante do episódio eram vistas por mim, como cobranças extremas).
Eu me encontrava irracional, como se estivesse vivendo no automático, as emoções intensas tomavam conta da minha mente, faltava-me maturidade para lidar com todas aquelas situações e dificuldades, eu e meu esposo passamos por um momento de desemprego que somaram 10 meses, vivíamos de ajuda de parentes para comer, beber, comprar fraldas para meu filho, entre outras coisas. Era uma pressão psicológica, uma sensação de inutilidade, impotência, noites mal dormidas, brigas, crises de choro e uma vontade de me esconder do mundo.
Por benção de Deus meu esposo conseguiu um trabalho e eu também. Era tudo o que eu precisava naquele momento, parecia que tudo ia se ajustar, mas quando me deparei com o trabalho iria desempenhar, pensei que não conseguiria fazê-lo por muito tempo.
Parte das minhas atribuições eram acompanhar em sala de aula um adolescente de 17 anos com Síndrome de Down. O modo operante do trabalho me incomodava, o aluno não tinha autonomia para realizar sua higiene pessoal frente as suas necessidades fisiológicas (xixi e cocô), e era minha obrigação limpá-lo. Aquela demanda foi mexendo comigo, meu emocional foi se desequilibrando porque eu tinha que acompanhá-lo todas as vezes que ele ia ao banheiro.
Tive crises de ansiedade ao se aproximar da hora de iniciar as atividades, pensava em sair do trabalho, mas precisava pagar as contas. Somavam-se com as outras atribulações pessoais, e a volta intensa dos sintomas depressivos, na correria do dia a dia eu mal cuidava do meu filho pequeno, e só hoje percebo o quanto eu estive ausente.
Não tinha como esconder, era evidente que eu estava doente. É difícil explicar as sensações horríveis provocadas por essa doença depressão, ela é silenciosa e invisível, mas fez um grande estrago na vida.
Eu não encontrava uma saída, e aquela sensação de impotência me deixavam sufocada, me sentido decepcionada comigo mesma, por não consegui me administrar, fui me perdendo na escuridão a minha alma. Era como se minhas forças fossem sugadas, ao ponto de não consegui realizar as atividades mais simples do meu dia a dia. Eu até queria fazê-las, e percebia que a minha vida e minha casa já não estavam como eu gostava, mas eu não tinha ânimo, e nem paciência para executar as tarefas básicas.
Meu corpo não aguentava, me sentia fraca, os problemas se acumulavam pesavam muito sobre mim, não tinha mais motivação na vida, paralisei na sombra da tristeza, do medo, em vários momentos vinham os pensamentos de morte (vontade de morrer), eu não encontrava uma alternativa que me tirasse daquela dor, e outros sentimentos ruins eram constante.
Meus problemas eram os mesmos de antes, mas naquela altura do campeonato eram intoleráveis e vistos por mim como algo impossível de resolver.
Eu perguntava a Deus. O que eu tinha feito de errado? Eu não merecia passar por tudo aquilo. Rezava e pedia que ele me mostrasse o caminho.
Em meio a tantas aflições e pensamentos perturbados, decidir procurar ajuda de um psicólogo, eu precisava encontrar o ruma da minha existência. Estava esgotada psicologicamente, em alguns momentos não consegui ir trabalhar. As sensações angustiantes me paralisavam e por pouco não abandonei o emprego no meio do ano letivo.
Diante dos meus questionamentos Deus não me respondeu. O desespero me consumia, as dívidas aumentavam, o casamento entrou em crise ao ponto de quase separarmos. Estávamos desgastados e confusos, sensíveis, irritados. Várias vezes o rejeitei, meus impulsos sexuais sumiram.
Eu me perguntava. Por que estava sentido isso? Até meu filho eu estava tratando mal, tudo me tirava à paciência. Como eu estava insuportável.
Quando comecei o tratamento psicológico foi difícil encarar minha derrota pessoal, me indicaram fazer oito sessões de psicoterapia, eu não tinha a noção do quando aquele procedimento seria importante para meu crescimento pessoal.
Na primeira sessão chorei muito, desabafei o máximo que pude para que ele pudesse compreender o que me levava aquele momento doloroso, fui sendo direcionada a enfrentar o que quase me levou à morte espiritual. Quando o atendimento terminou sentia-me mais leve, porém com os mesmos pensamentos e sentimentos ruins.
Só a partir da segunda sessão, aos poucos foi ganhando ânimo e fui conhecendo as minhas habilidades emocionais, durante esse tempo de tratamento a cada sessão me senti mais a vontade, desenvolvi um elo de confiança com o psicólogo, aprendi a identificar quais as causas da doença, e percebi onde eu deveria mudar para amenizar o sofrimento.
Partindo do escuro o Psicólogo Diógenes Pereira, foi me conduzindo degrau a degrau para eu sair do poço, e me fez enxergar quais eram as possibilidades de me livrar das coisas que me atormentavam.
Aos poucos fui a cada semana fui me encontrando de novo, voltei a enxergar o mundo colorido e cheio de coisas maravilhosas, hoje vejo motivos para viver, comecei a encarar os problemas de forma diferente. O amor próprio começa a surgir em mim, como uma rosa que vai abrindo as pétalas quando avista o sol.
Uma saída de luz surgiu e irradiou a minha alma, trazendo paz para meu espírito me dando disposição, voltei a sentir prazer nas coisas que eu sentia antes, hoje sinto que estou me transformando na melhor versão de mim, estou dando mais assistência a meu e filho e meu esposo, minha autoestima voltou a está elevada, estou em paz espiritualmente.
Hoje me sinto uma pessoa mais alegre e flexível, confiante, ajustada emocionalmente, como é bom ter prazer em compartilhar momentos, o tratamento de psicoterapia me ajudou a encontrar o equilíbrio que tanto necessitava naquela fase.
Hoje consigo administrar meus pensamentos, e consequentemente também as minhas emoções, meu cotidiano ficou mais fácil. Antes eu agia de forma insegura e imatura, tomei muitas decisões precipitadas e equivocadas, seguia no automático na força da emoção. Talvez sem o acompanhamento psicológico eu nunca tivesse a oportunidade de desenvolver essas habilidades incríveis.
Esse período de sofrimento também me levou ao encontro com Deus, foi nessa fase que busquei aumentar minha fé, hoje sinto muito mais forte a presença do senhor dentro de mim, foi essa fé e a existência do meu filho que me mantiveram viva em momentos de desespero.
Quando olho para trás, vejo que realmente estava no fundo do poço, e que as respostas para tudo o que eu sentia estavam dentro de mim. Hoje percebo quanto tempo eu perdi ao me apegar e me preocupar com os problemas que consumiam a minha energia, e minha saúde.
Hoje sinto vontade de ir trabalhar, antes ia forçada era uma obrigação, com isso descobri que para ser feliz é preciso estar em paz comigo mesma, desfrutar de Saúde Mental é maravilhoso, isso reflete em tudo a minha volta. Indico psicoterapia a todos, quem tiver oportunidade cuide-se, ame-se, valorize-se, sem saúde mental só existe sofrimento.
Atualmente estou chegando à reta final do tratamento, sou muito grata ao Psicólogo Diógenes Pereira pelas intervenções, estou alcançando o topo da escada, me sinto vitoriosa por está concluindo essa etapa que tanto precisava. Pretendo continuar enfrentando as minhas fragilidades, todo o processo de dor que passei e ainda passo, mas hoje em menor intensidade e com menos frequência, me encontro aqui como uma rocha, pronta para viver todas as coisas que a vida ainda guarda para mim.
Espero de coração que esse texto sirva para despertar tratamentos e conscientizar pessoas sobre o autocuidado e sobre a saúde mental.

Comentários