ENFIM, 2020

Antonio Machado

Antonio Machado


Dizem os estudiosos, que a natureza vilipendiada pelo homem, vinga-se, dando lhe flores, mas as flores só emergem da terra, quando regadas pela água, e esta está longe das terras adustas do sertão. Do nefasto e triste ano de 2019, que entregou o bastão ao ano novo de 2020, carregado de dívidas e incertezas sublimado por uma seca implacável e tirana, que vem levando o sertanejo ao canto da cerca. As árvores secas e hirtas que ainda sobrevivem nas serras parecem mãos postas clamando a natureza por chuva, pois as que caíram, sequer deram para florescer os paus d’arcos e as craibeiras, como símbolos vivos da flora sertaneja, o sopé das serras dos Tonicos e Riacho d’água, acidentes físicos que margeiam a cidade bucólica de Olho d’Água das Flores estão com seus dorsos escarpados pela ação nefasta da seca tirana que tudo assola, somente os raios do sol crestam os cimo das últimas arvores que teimam em resistirem a força bravia de uma seca sem precedente.
Não fosse, pois, as magras ajudas do governo, no quesito água, o sertanejo, de há muito já havia sucumbido, porem esse homem forte e bravio é o que de mais importante possui o sertão, pelo conjunto de forças, constitui-se, um herói sem troféu, haja vista sua luta acirrada na busca do pão nosso de cada dia, numa terra seca e a falta de assistência, não existe técnica para se cultivar a terra, sem chuva, em tempo de seca, metrologia não marca chuva, só onde já está chovendo, porque esse controle não está na terra mais no compasso dos fenômenos que envolvem as camadas nucleares que geram as chuvas.
Os fenômenos cíclicos não dependem da inteligência humana, como escreveu o poeta, é lei divina, é lei de Deus. Cabe, portanto, ao homem envidar meios para uma convivência com as grandes estiagens, as secas periódicas que tem se postergado ao longo dos anos, mormente, na região, onde levas enormes de sertanejos, que aqui plantaram suas raízes nas famílias que geraram, hoje somos um contingente capaz de decidir uma eleição majoritária, seca não se resolve com discursos falaciosos cheios de adjetivos em palavras adredamente preparados , com aplausos inflamados pelo um locutor sem saber uma concordância verbal, mais em política, o locutor bom é aquele que faz muita zoada fala muito e diz pouco, com direito até a drone focando o local de maior aglomeração, porque é controlado por um (ps), Leia-se (puxa saco) Para serem exibidos em eventuais momentos . Ah! Leitor, seca não se combate com isso, mas com ações, seca, não tem oposição.
Registra a história que Don Pedro no período imperial já se preocupava com a ação devastadora das secas que assolavam o nordeste, colocando em risco a vida preciosa do sertanejo isto no sentido Brasil, contudo, os velhos compêndios da história universal, já registravam grandes secas nos séculos passados, ora, geograficamente, o nordeste está inserido no Polígono das secas, e tem sua história centrada nas grandes estiagens que assinalaram essa história tão contraditória. As secas continuam, porem, espera-se que em 2020, que está nos seus albores traga mudanças efetivas, saindo dos birôs com projetos essenciais para o povo, excluindo as práticas mirabolantes para a prática do fazer fazendo, sobre tudo, para aqueles que tem poder de mando, a quem tem a responsabilidade maior.

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