Uma comparação quase perfeita

Augusto Ferreira

Há poucos dias visitei, por ofício, o interior de Minas Gerais. Fiquei surpreso com a realidade que encontrei. A cidade, Carmo da Mata, fica no centro sul do estado, logo em uma localização privilegiada. Uma cidade pequena com aproximadamente vinte mil habitantes. Em seguida fui ao interior dessa cidade. Um sítio.

O verde, o ar fresco e a plantação de café pouco me lembraram a região sertaneja do nordeste. A curiosidade jornalística me estimulou a fazer algumas perguntas sobre a vida social, cultural, política, econômica daquele povo. Para minha surpresa igual a vidas dos conterrâneos do sertão.

Visitei uma comunidade que fica a 30km da cidade. A distância trás algumas conseqüências para as pessoas do povoado. Jovens só conseguem concluir o ensino fundamental. Não há trabalho, a não ser nas imensas plantações de café. E quem consegue emprego na lavoura tem que se submeter às regras do jogo. Ou seja, patrão manda e empregado obedece.

A falta de estudo bloqueia o sonho dos jovens. Percebi nas conversas que eles sonham com coisas pequenas, como arrumar um emprego na fazenda, na lavoura. Final de semana montar em um cavalo e ir à cidade beber e dançar. A energia elétrica já chegou. Durante a semana, no horário da noite, o programa é assistir televisão.

A paisagem nada me lembrou o sertão alagoano, mas os problemas sociais são os mesmos. Domínio de um grupo político que manda e desmanda, pobreza, desemprego, baixa escolaridade... e o que mais me comoveu, a falta de grandes sonhos. Ao mesmo tempo compreendo que se sonha conforme a própria realidade. É preciso mudar. É preciso lutar. É preciso sonhar...

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