Surpreendo-me com a responsabilidade sócio-ambiental da juventude. Sou da década de 80. Uma época em que o Brasil passou por período crítico. Era o final da Ditadura Militar. Dias de medo, repressão e silêncio.
Mas a juventude foi ousada. Não se calou. Gritou por mudanças. Saiu nas ruas, se escondeu nas igrejas, nas universidades. “Mudar é preciso”!. Não vivenciei esse período de coragem e entusiasmo da juventude, conheço pela literatura.
No início dos anos 90 a juventude volta a incomodar os poderosos. O grito é por mudanças sócio-políticas. Surgem movimentos pedindo o afastamento do Presidente Fernando Collor. Vitória para os caras pintadas.
Segunda metade dos anos 90. A juventude silencia. É neste momento que surge o computador, a internet e o telefone celular, com mais popularidade, no Brasil. A comunicação torna-se virtual. Os jovens sufocam o grito de Fraternidade, Igualdade e Liberdade nas máquinas.
O novo milênio chega a todo vapor, para não dizer todo midiatizado; tecnologia de ponta; comodidade... tenho observado o comportamento da juventude. Há um cansaço nestes jovens que passam o dia se desfrutando das tecnologias. Percebo que a busca de recomposição das energias são buscadas na natureza.
Para minha surpresa estava correndo com dois colegas, mais meu cunhado à margem do Rio São Francisco em Pão de Açúcar, Alagoas e ouvi um deles criticar severamente o projeto de transposição do Velho Chico. “Não podem tirar de nós – se referindo aos paodeacucarenses – o que a natureza nos brindou”, afirmou Álvaro, conhecido como Juninho.
O mais importante nesse discurso de Juninho, 27, é que o seu amor pelo São Francisco se traduz em prática. Enquanto corríamos na orla ele catava vidros e plásticos, que alguém que não tem o mesmo amor pela natureza, levava para dentro do Velho Chico.
Se a década de 80 e início dos anos noventa a juventude levava no peito a luta sócio-política, o novo milênio é marcado pelas lutas sócio-ambiental. Não é atoa que cresce o eco-turismo, as ONG´s de preservação da natureza. Nessa luta todo cidadão deve entrar. Proteger a natureza é um dever e direito nosso.
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