PEDRÃO DOS LAMPIÕES DE GÁS

Antonio Machado

PEDRÃO DOS LAMPIÕES DE GÁS
Antonio Machado
O vocábulo Pedrão vem de uma enorme pedra situada nos arrabaldes daquele povoado, cuja pedra num mesmo bloco, possui aproximadamente, cerca de 30 mil metros de extensão, possuindo em seu dorso, um grande açude, onde armazena muita água de boa qualidade, servindo aos moradores da redondeza. No último quartel do século XIX, 1885, o cidadão Ponciano Machado Vilar chegou àquele lugarejo com seus pais, e lá se aboletaram, dando início à construção de uma capela sob a invocação da Imaculada Conceição, cuja imagem ainda existe foi trazida de Penedo pelo cidadão Calixto Anastácio. De inicio o povoado de Pedrão prosperou chegando a ter algumas lojas de tecidos, duas bulandeiras (fabrica de descaroçar algodão), pertencentes ao cidadão Calixto Anastácio residente no povoado. Os moradores festejavam com muita alegria o dia 08 de dezembro, dedicado a Nossa Senhora. Pedrão situado há 06 quilômetros de Olho d’Água das Flores, começava a experimentar um surto de desenvolvimento centrado no trabalho e na operosidade de seus filhos.
Ocorreu, porém, que no dia 06 de junho de 1926 Lampião e seu grupo entraram no povoado com o objetivo de pegarem os cidadãos Izaú Ferreira Gomes e Calixto Anastácio, que eram pessoas abastadas, e se dizia que ambas possuíam dinheiro e ouro, coisas cobiçadas pelo famigerado bandoleiro e seu asseclas. Depois de muito fustigarem com punhais aguçados os cidadãos Calixto e Izaú, os bandidos nada conseguiram, porém queimaram uma veiculo de Calixto Anastácio.
Pedrão crescia, e as noites escuras sem lua, levou as famílias colocaram no povoado alguns lampiões de gás para clarearem o povoado, a única rua existente cujos lampiões ficavam em frente das casas das pessoas abastadas, e dois lampiões de gás ficavam situados em frente a capela. Esses lampiões de gás do Pedrão atravessaram os anos e fizeram história, como símbolo de uma comunidade. Era bonito se ver no cair da noite, quando o sino da capela começava a anunciar às seis horas, o Ângelus, a Ave Maria, os lampiões de gás iam se acendendo em frente as residências com sua luz tênua e opaca, incandescida pela fuligem dos candeeiros, dando um aspecto meio lúgubre, porém deixava um certo claro que parecia espancar as trevas da noite, porque a luz elétrica ainda estava longe de chegar àquelas plagas. Mais tarde, Teresa Bérgamo, escreveu: “lampião de gás,/lampião de gás/ ai que saudade que você me traz”.
Os lampiões de gás do Pedrão foi um capitulo de sua história que não pode ser esquecido, se hoje foi suplantado pelo progresso, (a energia elétrica no caso em tela), mas a história não pode morrer e finalmente no dia 1° de agosto de 1976, foi inaugurada a energia elétrica do povoado de Pedrão, na gestão do então, prefeito Dorival Bezerra Silva. Hoje, Pedrão desfruta de bom progresso, com água encanada, calçamento, boas escolas, internet e um comércio regular, tudo conquistado com trabalho de sua gente sendo hoje Pedrão, um povoado mais que centenário, com uma população ordeira que soube escrever sua história.

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