HÁ VIDAS QUE VALEM MAIS QUE UMA VIDA

Antonio Machado

Antonio Machado
O grande teólogo e santo Tomás de Aquino, autor da famosa Súmula Teológica, êmulo da formação sacerdotal, escreveu: “o homem é o que há de mais belo e inteligente dos seres”. Nesta expressão tão carregada de valor humano, sente-se realmente que esse ser possui uma primazia em relação aos demais seres, ocupando posição de destaque nessa escala. A inteligência nos humanos é privilegio dessa casta, haja vista a natureza ter o dotado desse dom, excetuando-se todos os outros, mostrando que, grande pois, são os desígnios de Deus, de tal forma que o homem usando dessa massa cefálica, torna-se capaz de assombrar o mundo com suas invenções, capacidade criadora parecendo atingir os limites de sua inteligência.
Na vida dos mortais, muitos agem como se nunca haveriam de morrer, muitas vezes, esquecendo-se que deve toda a sua capacidade ao Criador e um dia terá de entregar sua vida tão fantástica a quem lhe deu, e este a tomará consigo, reduzindo aquele ser que era gênio e até inimitável, a condição de pó da terra, ó homem, lembra-te que és pó, e em pó te tornarás, nos admoestam as escrituras, é lei divina, é lei de Deus cuja regra ninguém pode fugir.
A história está a registrar que existem pessoas que com seus exemplos de vida assombraram o mundo, tanto nas ciências, quanto nas artes, na fé, na literatura e até nos cordéis inspirados nos fatos do cotidiano dos mais populares emergidos do meio do povo conseguem, tornarem-se aplaudidos e ovacionados pelo povo, enfim, em todos os segmentos da sociedade, sempre existiram àqueles que se notabilizaram a frente dos outros com sua ousadia e coragem, entregando-se ao serviço do povo sem reservas, tanto na busca da perfeição quanto da sobrevivência humana, citamos um Tomás Alva Edson, inventor da luz elétrica, que mesmo tendo errado noventa e nove vezes, sempre encontrava forças para realizar o seu intento sem repetir os erros passados, Santos Dumont inventor do avião que errou treze vezes, mas na quarta voou, não desistindo de seu ideal, entretanto, não resistiu em ver seu invento a serviço da destruição humana, entrando em depressão vindo a suicidar-se, um Santo Antão que viveu noventa anos buscando a santidade, dos quais, trinta anos ao lado com o demônio, e resistiu a tudo ganhando a palma da vitória, um Dr. Vital Brasil, o descobridor do soro antiofídico por ser pobre recebeu de um rico esta resposta: “filho de pobre não deve estudar”, mas ele venceu como grande cientista, Madre Tereza de Calcutá que renunciou o mundo por amor ao próximo, morrendo com odores de santidade, um Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o pacificador, que deixou esta frase lapidar: “devemos integrar, para não entregar”, tamanho era seu civismo, Dr. Albert Sabin, o criador da vacina contra a poliomielite, numa luta titânica de trinta anos, mas conseguiu seu intento, esse cientista-mundo disse: “o que me deixa triste, é ver ainda crianças paraliticas porque não tomaram minha vacina”.
Prezado leitor estas e tantas outras vidas em todas as nuances não é somente uma vida, mas por seu valor extraordinário vale por muitas vidas. E o maior de todos os filósofos? Jesus Cristo, que viveu uma vida por todas as outras vidas pagando um preço alto, dando sua vida para que todos tenham vida, notadamente, quando Ele disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância”.
Ah!, Prezado leitor, e os poetas populares? Permita-me aqui essa digressão, esse artigo ficaria incompleto se não escrevesse sobre essa casta popular, às vezes esquecida, os poetas emergidos do meio do povo, canta e encantam, mormente, àqueles que gostam da poesia, que muitas vezes, salta aos olhos dos eruditos, porque a poesia nasce com o poeta, a propósito, cito a décima do poeta sem métrica, Colly Flores, escrevendo sobre um casal que residia nos arrabaldes do povoado Pedrão, alcoólatra por essência, conhecido por “Rola” e “Calistêro” constituindo-se objeto de graça, especialmente quando aparecia um poeta. Vejamos, pois, esta décima: “na vida tudo passa/ o amor supera tudo,/ mas dona “rola” é uma graça,/ quando a gente lhe abraça/ é que sente o seu calor/ da união nasce o amor/ e da flor brota a semente/ que faz nascer na gente/ a mais linda das fulô”.

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