FESTAS NORDESTINAS

Antonio Machado

O povo sertanejo é essencialmente festeiro, mormente a região que compõe o polígono da seca, sendo cada estado com suas peculiaridades. Os ciclos festeiros se renovam a cada ano, entretanto, muitas festas do passado, estão se diluindo no tempo, se não forem registradas no presente, perdem-se no passado.

O grande Tomaz Espíndola escreveu:“Nada, sem dúvida,é mais censurável do que não conhecer o homem, a sociedade em que vive, a terra em que pisa, e viu a primeira luz da história dessa sociedade, dessa terra.”

As tradições precisam ser preservadas e não esquecidas, as autoridades, notadamente, os gestores, tem o dever maior nessa fatia, não é destruindo o que seu antecessor fez, para implementar novas metas, novas ideias, que muitas vezes faz de uma planta elaborada por um neo-paisagista ou arquiteto querendo aparecer, quando um simples mestre de obras, sem formação acadêmica faz mais e ganha tão menos.

Será que isto é progresso? Não é destruindo o presente que se constrói o futuro, mas construindo o presente sedimentado no passado, quantas festas ruíram dos mapas sertanejos para dar o lugar a coisas sem graça, sem cultura, simplesmente para atender uma fatiota de jovens alucinados por um desejo incontido de se impor no presente, esquecendo-se que a velhice vem chegando sutilmente sem cobrar nada.

Cora Coralina(1889-1985)escreveu sabiamente “Todos estão matriculados na escola da vida, onde a mestra é o tempo”. Aforismo pequeno, contudo carregado de uma profundidade imensa, pois cada pessoa carrega o conteúdo de sabedoria.

Não escrevo festas extintas mas que cada um com clame, e se questione o presente vendo as lacunas desses êmulos da história no ostracismo do tempo, Pitágoras escreveu: “Aquele que sabe o que se pode saber,é um iluminado dentre os humanos”. Salvemos nossas tradições.

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