Antonio Machado
O homem e o trabalho estão ligados hipostaticamente, como um não existir sem o outro, incrustado como a lesma ao caramujo. “Tu viverás do teu trabalho”, disse o Criador à criatura, os primeiros habitantes da terra, passando daquele dia em diante, o trabalho ser a condição de sobrevivência da criatura humana, levando Rui Barbosa exclamar: “o trabalho dignifica o homem”.
Na esteira dos anos, os homens criaram normas, regras que vieram sistematizar o trabalho e leis para ampará-lo, em vista de estar o homem colocado na escala preferencial dos seres como o mais importante nessa esfera. O ser humano é finito, está atávico as leis da natureza, nasce, cresce, envelhece, adoece e morre, daí ele próprio criar condições e mecanismos que venham defender e apará-lo na escalada sinuosa da existência, visto o ser humano carecer de cuidados desde o nascimento. Sentindo e vendo estes aspectos da vida do trabalhador, Alemanha, no século XIX por meio do chanceler Otto Von Bismark deu o primeiro passo estabelecendo no pais o pagamento de uma pensão aos trabalhadores do comércio, indústria e agricultura, que atingisse a idade de 70 anos de vida, isto há 124 anos, e pasme o leitor, somente em 1970, 81 anos após, por decisão do 3º Presidente da República no período da revolução de 1964, Emílio Garrastazul Médicis, esse benefício chegou para os trabalhadores da agricultura. Posteriormente, a Áustria e a Hungria, seguiram a mesma direção, e, a partir de 1920, espalhou-se por toda a Europa.
No Brasil de Santa Cruz, a ideia de aposentadoria começou a se formar lá pelos idos de 1923, porém somente para os ferroviários, mas, com o suceder dos anos as demais categorias e classes trabalhadoras foram se movimentando na conquista dos mesmos direitos. Quando do advento do Estado Novo em 1930, o Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas ascendeu ao poder e criou a Previdência Social com leis que instituía o salário mínimo, centrado em descontos percentuais entre o empregado e o empregador, o tempo trouxe também os benefícios por tempo de serviço, invalidez, benefícios, pensões, a história registra que foi o deputado Elóy Miranda Chaves, o autor do projeto que implantou o sistema previdenciário no pais. Vinte e quatro de janeiro, é dedicado ao aposentado(a), a classe mais sofrida de todas as classes, face o famigerado e maldito “redutor ou fator previdenciário”, pois é ele que determina “os aumentos”. Que aumento teve os aposentados? Que estão amargando o hiato da falta de um aumento sério, honesto e compatível com a classe de quem os governantes não toleram e nem gostam de falar. O aposentado no Brasil é excluído de tudo, mormente dos aumentos e benefícios que lhe deveriam ser concedidos, e que obviamente, lhe são negados. Como é desgastante ser aposentado no Brasil, mas esta é a mais dura e cruel das realidades. Neste Brasil de tantas dimensões continentais e belezas mil, quando o melhor do Brasil, ainda é o brasileiro, e este, chega à velhice carcomido pelo trabalho, minado pela doença, requer sua magra aposentadoria, essa lhe vem como um sobejo, que mal dá para sobreviver as duras penas, e quando chega o dia 24 de janeiro, sequer tem um centavo de aumento porque as leis esdrúxulas, aliada a pouca vontade dos governantes lhe negam esse direito, constituindo-se destarte, lamentável e doloroso.
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