Padre Francisco Correia, o legítimo fundador de Santana do Ipanema

Literatura

Por José Marques de Melo – In memoriam

Artigo publicado no livro Escorço Biográfico do Missionário Dr. Francisco José Correia de Albuquerque - Padre Theotónio Ribeiro - 3ª Edição - SWA Instituto 2012

À memória de Maria Audite Wanderley,
educadora exemplar,
e de Hélio Rocha Cabral de Vasconcelos,
estadista emblemático ,
que deram sequência e consequência
à missão civilizadora do fundador da cidade.
Homenagem do ex- aluno,
no transcurso do aniversário dos 110 anos
de nascimento da mestra,
e do munícipe beneficiado pelo trabalho ousado
do ex-prefeito que construiu bibliotecas, museus
e outros espaços para difusão da cultura.

Controvérsia

Centro urbano incrustado no Sertão Alagoano, Santana do Ipanema constitui-se como dinâmico polo comercial e promissor núcleo educativo, alavancando o desenvolvimento de uma microrregião identificada pela produção agropecuária e os serviços mercantis.

Outrora alfinetada como “espinhosa” ou desdenhada como “pedregosa”, a cidade forjou suficiente autoestima, capaz de orgulhar-se hoje como uma terra “varonil”. Seu “povo festivo e alegre” reivindica o título de “rainha do sertão” para a comunidade banhada de forma intermitente pelo rio Ipanema, mas abençoada continuamente por Santa Ana, que o catolicismo venera como mãe de Maria e avó de Jesus.

Embora seu hino oficial exalte o “passado de glórias”, a verdade é que seu presente historiográfico permanece envolto por brumas, evidenciando enormes lacunas, que desafiam o rigor e a competência dos historiadores, na ausência de fontes documentais confiáveis.

Algumas questões suscitam controvérsia pública, começando pelo marco fundacional. Ainda não se sabe exatamente quem fundou a cidade. Em que época? Com que intenção?
(h4>ComunidadeCostuma-se balizar a fundação dos núcleos urbanos pelo critério exclusivamente jurídico, ou seja, a partir da legislação civil que dispõe sobre a organização do espaço municipal. Nesse sentido, Santana do Ipanema só passa a existir como município no século XX, embora sua vida comunitária remonte ao século XVII. Primitivamente se constitui como aldeia sazonal dos índios fulniô, assumindo depois a fisionomia de arraial povoado por mestiços em trânsito, lutando pela sobrevivência, até se estabilizar como arruado que agrupa trabalhadores livres, dedicados ao cultivo da terra ou à criação de gado.

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