Na minha juventude trabalhei em Santana do Ipanema. Residi, com minha mãe, na Av. Rio Branco, quase às margens do lendário Ipanema. Naquela cidade constituí muitos amigos e ainda hoje conservo as mesmas amizades. Era eu à época um adolescente que acabara de completar vinte e dois anos. Aos poucos fui me familiarizando com o povo ordeiro e amigo o que me fez, em pouco tempo, considerar-me quase um santanense.
Quando saía para o trabalho, no meio do trajeto, passava todos os dias pela porta da dona Hermínia, uma senhora que ainda conservava traços de beleza da mocidade, fidalga, bem alva, todavia o seu olhar aparentava todo o sofrimento que passava. Residia numa casa muito grande, bem edificada, no principal logradouro da cidade. Dois filhos viviam em sua companhia: Agissé e Poní.
O primeiro, mais velho, andejo, pouco parava em casa. Poní era o inverso do irmão, permanecia quase todo tempo, durante o dia, à porta, de cócoras, sentado nos calcanhares, o chapelão enterrado à cabeça, pouco saía a não ser até a farmácia do Alberto Agra, onde se demorava muito pouco. Os dois nasceram e continuaram com problemas mentais.
Dona Hermínia os aturava com o seu amor de mãe e a paciência que Deus lhe dera. Pessoas amigas aconselhavam-na que os internassem num hospício, mas ninguém melhor do que ela sabia que a doença era irreversível. Preferia o sofrimento, as noites mal dormidas, a vida sedentária que levava, a uma separação brusca assim.
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Blogs: Dona Hermínia, Agissé e Poni
LiteraturaPostado por João Neto Félix Mendes 31/10/2022 - 12h 23min Acervo João Neto Félix Mendes/Darras Noya

Casal Antides e Hermínia morava vizinho ao sobrado
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