A PARÁBOLA DO ELEFANTE BRANCO

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Lendo texto escrito por diligente integrante do Ministério Público alagoano, ao usar exemplo metafórico para fundamentar sua tese, tocou-me de modo profundo, pois conseguiu descrever uma situação injusta, a revestindo de significado mais amplo, permitindo que todos compreendessem a gravidade e o impacto emocional do que estava sendo dito.

Nesse momento, meu pensamento flutuou na espiral do tempo, cruzando eras e distâncias, até aportar no majestoso Taj Mahal, situado na antiga cidade indiana de Agra, onde estive meses atras.

A visão daquele monumento, capturou minha imaginação. Local onde cada pedra esculpida e detalhes arquitetônicos pareciam contar a história de um sentimento tão profundo que transcende o tempo.

Caminhava no silêncio imponente de suas cúpulas, simbolicamente envolvido por ecos de séculos passados, quando guia turístico falando em inglês, levou-me a conhecer em profundidade a parábola do elefante branco, muito popular na região, encantando-me para sempre, pois embora o animal descrito, fosse símbolo de status e poder, trazia pesada responsabilidade para seu dono, pois sendo considerado quase um deus, por ser raro e precioso, não poderia ser colocado para trabalhar ou vendido, mas demandava cuidados caros e atenção constante.

Findo o evento, satisfeito com a sabedoria oferecida pelo promotor de justiça, continuei a pensar no fato, restando certo de que no dia a dia, tal situação pode se manifestar quando aceitamos tarefas, posses ou até mesmo relacionamentos que aparentam ser prestigiosos ou venturosos, mas acabam exigindo mais energia, do que retornam em benefício.

Da mesma forma que o Taj Mahal não é apenas testemunho de uma saga de amor, mas também reflexão sobre a passagem do tempo, e modo como emoções humanas podem ser eternizadas em formas físicas, desafiando a própria mortalidade, o "elefante branco" não mais é que ilusão do sucesso, que pode aprisionar ao invés de libertar.

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