COLETIVISMO

Crônicas

Por Jeno OLiveira

Entrei na livraria mal-intencionado. “O perigo do coletivismo", li pausadamente, "não está apenas em sua ineficácia econômica, mas em sua capacidade de sacrificar nossas liberdades individuais em nome do bem comum." O livro fora indicado por alguém que eu sigo nas redes sociais. Imediatamente anotei a sugestão. Os diametros estavam como eu gosto. A capa desprovida de muitas informações. Elas embebedam. O cheiro então. Cheiro de livro novo é melhor do que cheiro de bebê recem nascido. Levei-o para a mesa de madeira, onde servem cafezinhos com biscoitos redondos de baunilha. O preço de um cafezinho era o valor de dois pacotes de pó de café no mercadinho da esquina. Uma trabalhadora sorridente me atendeu. O pedido é o de sempre. Como meu pai, aprendi desde cedo a ser previsível. As vezes tenho o sentimento de que isto não seja uma virtude.

Antes que o combo chegasse, construi um diálogo imaginario ao observar atentamente as quatro funcionárias do café. Todas aparetemente felizes e dando o melhor de si, afinal de contas, empregado e patrão estão no mesmo barco? - Então, a alternativa é o egoísmo? O capitalismo desenfreado que suga até a última gota do trabalhador? Eis a provocação mais tola que alguem poderia ouvir nos dias de hoje. "Quando sacrificamos a liberdade em nome da igualdade forçada, não estamos construindo um futuro justo. Estamos erguendo um muro ao redor de nossas próprias consciências, aprisionando a nós mesmos." Era um olho no movimento e outro olho no livro.

O argumento de que o coletivismo é economicamente ineficaz também se revela nas pequenas coisas. Um mercado onde a inovação é desencorajada não apenas se torna estagnado, mas também empobrece a alma humana. Quando as pessoas são forçadas a colocar suas aspirações pessoais de lado, a sociedade perde a diversidade de ideias que impulsiona o progresso. É um ciclo vicioso: a falta de liberdade gera apatia, que por sua vez alimenta a necessidade de controle.

A moralidade dessa estrutura é questionável. O que acontece quando a noção de "bem maior" se torna uma justificativa para a tirania? É um deslizamento sutil, onde as intenções nobres se transformam em um regime opressivo. As lições da história nos lembram que o autoritarismo frequentemente se veste de coletivismo, vendendo segurança e igualdade enquanto retira a essência do ser humano: sua capacidade de sonhar, de criar e de escolher. Foi assim com Stalin, Mao, Hitler e Mussoline. Portanto, Friedrich Hayek, tinha razão, ao sacrificar as liberdades individuais em nome do “coletivo”, este ser inexistente, as sociedades acabam desumanizando as pessoas e criando uma autocracias. O nome do livro? O caminho da servidão.

Comentários