CONSELHO IMPORTANTE

Crônicas

Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Recordo quando, aos dezesseis anos, prestes viajar para a California, onde concluiria o nível médio no La Serna High School, meus pais, me falaram; “filho, não faça nada enquanto lá estiver, que você não realizasse de sã consciência em sua cidade.” Desde então tomei aquelas palavras como dogma de vida.

Recentemente navegava no oceano, quando imprevisto deixou-me preso em um banco de areia. Existiam duas formas de escapar do local, andar cautelosamente sobre afiados arrecifes ou arriscar a rota mais curta, nadar contra a maré, exposto ao acaso e prisioneiro das metáforas da vida, representadas por desafios que encontraria.

Caminhar sobre as formações rochosas, exigia paciência e atenção, pois, apesar de ser um percurso mais longo e repleto de riscos de pequenos ferimentos, oferecia maior controle sobre o avanço. Já o mar aberto, embora solução rápida, trazia consigo a incerteza das correntes e o perigo das ondas imprevisíveis.

Nesse momento lembrei de uma estória de trancoso, ainda hoje para mim, verdadeira lição atemporal sobre confiança, obediência e precaução. Chapeuzinho Vermelho, uma jovem ingênua, ao levar comida para a avó, pelo caminho da floresta cheia de perigos por ela subestimados, passou a ser vítima do Lobo Mau, astuto e manipulador, simbolizando as ameaças que deparamos ao desviar de nossos caminhos, e ignorar conselhos importantes, resultando em consequências graves.

Decidi pela primeira opção, retornando a terra firme são e salvo, conseguindo controlar as variáveis do acaso, transformando incerteza em previsibilidade, encontrando maneiras de minimizar seus impactos, não somente planejando, mas antecipando cenários, e criando margens de segurança para reduzir a influência do inesperado, e o que é mais importante, retornando mais consciente ainda, para conviver com seres humanos.

Hoje cada vez mais me convenço, que saber relacionar com pessoas é mais difícil que enfrentar o mar bravio, requerendo habilidade essencial que exige paciência, empatia e compreensão, pois cada racional carrega consigo universo próprio de experiências, valores e expectativas, que torna o convívio rica, mas também desafiadora troca.

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