O MASSAPÉ

Crônicas

Por Luiz Antônio de Farias, Capiá

Recentemente fui surpreendido por uma agradável notícia, que me deixou bastante lisonjeado, ao tomar conhecimento de um telefonema feito para minha residência em Recife, por Dr. Olivan Medeiros, oportunidade em que eu me encontrava em Santana.

A título de informação, Dr. Olivan – que reside na cidade histórica de Olinda – é natural do Poço das Trincheiras e pertence a uma das famílias mais tradicionais do sertão alagoano. Tem como irmãos o Padre Fernando, o Sr. Ademar Medeiros – um dos políticos mais influentes de nosso estado, por muito tempo
presidente do MDB de Alagoas – Osman, Dr. Tobias e José de Arimathea. Formado em direito, pela Faculdade de Direito de Recife, foi meu professor de História, no Ginásio Santana, quando exerceu as funções de advogado em nossa terra. A razão que me causou a alegria do contato foi o interesse por ele demonstrado a Moacyr Magalhães – um amigo comum – em adquirir um exemplar do meu modesto trabalho literário, “Saudade, Meu Remédio é Contar”.

Um fato que deixava apoquentado os meninos da minha geração era quando os mais velhos atribuíam nossa palidez juvenil à famosa “justiça com as próprias mãos” ou à masturbação, para ser mais claro. Também causava indignação quando os gracejadores, diziam, pra incomodar a gente: “esse está tão amarelo que até parece estar comendo barro”. O inesquecível Zé Malta, avô do nosso amigo Malta Neto, era useiro e vezeiro na arte de importunar a garotada, com suas insinuações maldosas.

Voltando à história inicial, vem à minha lembrança uma passagem da época do meu curso ginasial, numa aula de história. Dr. Olivan, discorrendo sobre a cultura indígena, dirigiu-se à minha pessoa e perguntou se eu sabia o que era massapé. De imediato respondi que se tratava de um tipo de alimento preferido pelos índios. Diante de minha resposta o professor rebateu, de forma jocosa: - “pessoal, esse descoramento do Luiz Antônio deve ser porque ele anda comendo muito massapé.” Foi uma algazarra generalizada e eu “paguei esse mico” por bastante tempo.

Recife, outubro/2012

Crônica extraída do livro “NOSSA HISTÓRIA TEM QUE SER CONTADA” (SWA Instituto 2021, pg. 27-28)

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