LEGADO À HISTÓRIA DA LITERATURA SANTANENSE: porque a cidade recebeu da escritora Maria do Socorro Farias Ricardo o título de “Santana do Ipanema: Terra de Escritores”

Crônicas

Por Marcello Ricardo Almeida (*)

Ainda eram as vozes dos poetas que levavam as cidades a cantarem as suas canções?
Quando a escritora santanense, Maria do Socorro Farias Ricardo, titulou o lugar de Santana do Ipanema: Terra de Escritores, ela personificava a nova aura de Santana. A autora contribuiu com diferentes publicações nas redes sociais e blogs; publicou os livros “Diálogos com Santana iconográfica de Zabé Brincão aos nossos dias” (história do tempo presente), e “José Ricardo Sobrinho: um mágico da música” (história familiar).

Maria do Socorro Farias Ricardo (1940-2023) falava sobre a aproximação da leitura a todos por meio do telefone celular, agregando cada vez mais ferramentas. Em outra crônica encontrava-se que o fenômeno político do aparelho celular, com acesso à internet em salas de aula, ressignificava, subjetivamente, a vida na escola.

Sempre quis saber a escritora quantos estavam escrevendo e publicando literatura, na cidade. Não apenas livros físicos. Entusiasta de publicações, Maria do Socorro Farias Ricardo valorizava a importância da literatura como alicerce tanto no ensino quanto, por óbvio, na aprendizagem. Um dia, a cidade recebeu dela o título de Santana do Ipanema: Terra de Escritores, não apenas por reconhecer a importância da literatura local, no século 20 e no presente século. Este epíteto não qualificava somente os escritores do passado, motivava sobretudo os novos, os que estavam surgindo. Para isto, confiava a escritora que o surgimento destes ocorresse no Ensino Fundamental, e por motivação de seus professores trazendo às salas de aula a arte e todos os escritores santanenses.

No Ensino Fundamental, cada unidade elaborasse o seu calendário letivo incluindo as semanas de estudo sobre os escritores santanenses póstumos e contemporâneos. Conhecesse-os, estudando as obras. E convidasse-os a bate-papo sobre a sua arte de escrever. Interagisse, ouvindo-os. Fizessem-lhes diferentes perguntas, e escrevessem as impressões acerca de suas respostas. Sugerisse, criasse feiras que reapresentassem os seus trabalhos às novas gerações. Elaborando blogs, filmes, cartazes, podcasts e afins pelos quais Santana do Ipanema: Terra de Escritores dialogasse.

Em outra crônica foi dito que o tipo de currículo escolar adotado era responsável por impulsionar o aluno à leitura de literatura. Ou seja, o tipo formal de currículo estava em consonância com uma base comum curricular; e o tipo informal de currículo escolar estava em concordância com algum clube de leitura, na escola. Pedagogia dialógica reconhecia a sala de aula como espaço político. E neste espaço político democrático era onde se estabeleciam quaisquer diálogos no exercício das ensinências e aprendências.

Quis a escritora Maria do Socorro Farias Ricardo, ao criar Santana do Ipanema: Terra de Escritores – o que hoje era comum ao povo este título, – receber a todos os que chegavam ao município com placas públicas que sinalizassem bem-vindos a Santana do Ipanema: Terra de Escritores. Ter a cidade o seu museu da literatura. Ser promulgado o dia que comemorasse o Dia do Escritor, sugerindo a data natalícia de Miguel de Cervantes. E a programação de rádios tornasse usual a literatura de autores santanenses, sobretudo a poesia. Recuperar concursos de textos de literatura nos gêneros conto, crônica, poesia, teatro, novela, romance, roteiro e histórias em quadrinhos, a exemplo daquelas publicadas no Jornal de Alagoas por Betto&Cello. Promover em Santana, durante a feira aos sábados, a comercialização de livros dos escritores santanenses que estivessem na cidade ou fora dela (embora permanecessem nela por seus textos literários).

Cidades que memorizavam rimas de seus poetas aprendiam as letras de suas canções.

(*)Autor do livro “A crônica filha de Cronos”.

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