Recordo a época em que o Clube Fênix, era por mim considerado como segundo lar, ali convivi em uma comunidade coesa, sempre buscando preservar as tradições locais, principalmente em suas festas inesquecíveis, dentre elas o carnaval, que iniciava com as previas acontecidas nas semanas anteriores, as festas: baile de máscaras, havaiana, tricolor, preto e branco.
No período do Rei Momo, seu ginásio poliesportivo transformava-se em um grande palco de jubilo, para onde as famílias acorriam nos quatro dias de folia.
Eram tempos em que a orquestra tocava sem parar para animar os presentes, sempre ocupando mesas dispostas no entorno da quadra de esportes, tendo como vizinhos as mesmas pessoas dos anos anteriores. Tudo parecia ser um enorme clã e a diversão aumentava quando o teor alcoólico influenciava a cabeça de alguns.
Mês quase ainda criança, encantava-me com a alegria sem igual dos veteranos Saleiro Pitão, José Cabral Acioly, Geraldo Patury, Ardel Jucá e tantos outros, quanta saudade.
Uma das mais encantadoras tradições da época, era o footing, que acrescentava toque especial à festividade, pois consistia em passeio ao redor do salão, onde os foliões abraçados ombro a ombro, dançando brevemente com diferentes parceiros, não somente apresentavam suas fantasias, como aproveitavam para verem e serem vistos, até enlouquecerem mesmo, ao som do frevo “vassourinhas”, uma das belas melodias da história da música e verdadeiro hino do carnaval.
Nos eventos acontecidos nos salões fenianos, o charme envolvente do lança-perfume “rodouro” em sua estrutura metálico dourada, era não somente único, como permeava o ambiente, enchendo o ar com fragrâncias vibrantes e despertando atmosfera de contentamento efervescente. Era como se cada spray carregasse consigo a promessa de momentos festivos e lembranças inesquecíveis, tornando essa tradição elemento marcante e encantador das celebrações carnavalescas do passado.
Os desfiles a fantasia, eram verdadeiros espetáculos de criatividade. Em blocos ou individualmente, muitos lá chegavam vestindo trajes deslumbrantes ou temáticos que refletiam a imaginação exuberante de quem as criava. Eu mesmo caracterizei-me como Guilherme Tell, gari da prefeitura e até uma vassoura.
Se recordar épocas de ouro, traz a lume sentimentos até certo ponto nostálgicos, levando-nos a relembrar momentos especiais, tais memórias contribuem para a riqueza da experiência de vida, certamente transformando-se em fonte de inspiração no presente
LEMBRANÇAS DO CARNAVAL
CrônicasAlberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras 11/02/2024 - 15h 31min
Comentários