UM OLHAR SOBRE MIM MESMO

Crônicas

Por Padre Adauto Alves Vieira

Cabelos cada vez mais embranquecidos, simplesmente tingidos pelo pincel do tempo. Que as estações estejam passando por mim, é fato, não restam dúvidas. Vejam só as marcas que já conseguem deixar. Já não sou mais um jovenzinho, sou um homem de meia-idade, cada vez amadurecendo para a vida, vendo a eternidade chegar.

Malgrado a idade de mais de meio século de existência, continuo sendo um embrião no ventre da história, para um dia nascer plenamente na vida infinda e atingir a maturação em Cristo.

Com o passar dos anos, mais experiência vou obtendo e mais maturidade vou adquirindo. Outrossim, com os dias que se vão cresce sempre mais a vontade de consumir-me por Aquele que é a razão do meu viver e a quem entreguei desde a minha mais tenra idade, o meu viver: Cristo Jesus. A Ele decidi seguir quando ainda era uma criança, que, à semelhança de Samuel, desde cedo, já ouvia o Seu chamado. Com a prontidão de Isaías, deslumbrado pelo seu semblante, que resplandecia sempre sobre mim, pude dizer: "Senhor, eis-me aqui! Envia-me!".

Hoje, como alguém que já conseguiu chegar aos alcantis que tanto galguei, continuo n'Ele apostando, "procurando nunca ter vocação de tarde, esperando noite, mas sempre vocação de madrugada, esperando o raiar da aurora". A minha busca por Ele será sempre algo decisivo nesta trajetória de vida. Será sempre Sua Pessoa, a Pessoa de Cristo, que dará à minha vida um novo horizonte, por conseguinte, o rumo definitivo (Papa Bento XVI).

Possuindo-o já aqui nesta terra como meu único tesouro, nada mais desejo, pois já sou bastante rico. Ele é minha herança, Ele é o meu Tudo em tudo, Aquele que me plenifica e me basta. Por Ele, por Cristo, em cada hóstia erguida sobre os altares, e em cada cálice elevado sobre os olhos daqueles que o contemplam, contendo o Seu sangue, procuro estar unido ao Seu sacrifício, fazendo de meu próprio ser, uma verdadeira oblação.

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